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Yhulds Giovani Pereira Bueno
“Criei um aparelho
para unir a humanidade, não para destruí-la.” Alberto Santos Dumont (1873-1932).
Ao longo da evolução histórica
o desejo de voar está presente na humanidade, pode se dizer que tal fato seja
proveniente desde os tempos pré-históricos, quando os homens observavam os
pássaros neste período evolutivo.
Existem muitos
registros e narrativas históricas de aventureiros que se arriscarão a voar,
sendo esses mal sucedidos, o mais famoso ”Ìcaro” (mitologia Grega), que
juntamente com seu pai Dédalo construiu asas artificiais a partir da cera, mel de abelhas e
penas de gaivota para fugir de sua prisão.
Antes
da fuga, Dédalo alertou ao filho que não voasse muito perto do sol, para não derreter
suas asas, mas Ícaro não obedeceu a seu pai, e pôs-se voar próximo ao sol, suas
asas derreteram com o calor e Ìcaro acabou caindo no mar Egeu.
Séculos
se passaram ao decorrer dos milênios, até que o primeiro aviador no dia
23 de outubro de 1906, neste dia uma centenas de
pessoas se aglomeravam no campo de Bagatelle, em Paris, para observar um
imponente aeroplano branco, essa engenhoca fora construída com asas feitas de
pipas-caixas e um motor de 50 cavalos-vapor, uma façanha para estes tempo.
De pé,
em um cesto entre as asas, estava um homem elegantemente vestido, muito conhecido
de todos por suas prodigiosas façanhas aéreas em balões e dirigíveis. Alberto
Santos-Dumont tentava tornar-se o primeiro homem do mundo a voar em avião, este
fato fora registrado e perpetuado sendo Alberto Santos Dumont o pai da aviação
brasileira, reconhecido no mundo como um dos mais brilhantes em seu tempo,
dentro das diversas invenções, destaca-se também a adaptação do relógio de
pulso, para facilitar aos pilotos ver as horas.
O
primeiro avião em Ponta Porã que se tem notícia foi registrado por Elpídio Reis
em seu livro Polca churrasco e chimarrão, 1981. “As populações de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero não conheciam
avião. Certo dia de 31, ou 32, lá pelas dez da manhã surgiu no ar vindo da
capital do Paraguai um avião, que hoje chamaríamos de teco-teco”.
Foi
registrado pelo autor, que os moradores de ambas as cidades saíram para ver o
que estava acontecendo, o avião sobrevoou por alguns minutos, descendo no campo
de futebol que neste período histórico se localizava ao lado do Quartel do
Exército de Pedro Juan Caballero Paraguai, quem se encorajou foi no local para
observar, “ver o bicho de perto”.
“Eu, menino, também fui. Quando chegamos ao local onde o
avião se achava, soldados paraguaios o guardavam formando uma fila que hoje
chamamos de cordão de isolamento. Vimos àquela raridade a certa distância. À
tarde, por volta das três horas, o avião levantou voo para dar um show muito
especial. Pôs-se a sobrevoar as duas cidades fazendo no ar a mais incríveis
piruetas” REIS, Elpídio, 1981. P. 106.
Segundo
relato, o piloto era alemão, fora aviador combatente da primeira “Guerra
Mundial”, creio eu que muito provavelmente veio observar a imensidão de terras,
essas sempre foram grande atrativo a estrangeiros para investimentos na agropecuária
na região fronteiriça, entre outros negócios da época, isso se explica a
quantidade de imigrantes descendentes de alemães na fronteira. Depois deste
acontecimento épico, aviadores começaram a surgir na região de fronteira muitos
deles filhos de Ponta Porã.
Foto
divulgação: Irmãos Cardoso aviadores filhos ilustres de Ponta Porã, da esquerda
para direita; Arsênio, Ezaul Filho, Arlindo, Heitor, Elidio e Aral. Na década
de 40 o Presidente da época Getúlio Vargas cria o programa “Deem Asas ao Brasil” este programa
tinha finalidade única de formar pilotos para aviação brasileira, entre eles os
famosos “irmãos Cardoso”, Sendo eles heróis proporcionou a sua mãe Srª Aurora
Icassatti Cardoso, receber a medalha do Mérito de Santos Dumont em 1964 com o
título de “Mãe dos Aviadores”, noticiada no jornal Ultima Hora e publicada no
livro Um Século de Histórias de Ramão Ney Magalhães. 2013.
Foto arquivo pessoal de Luiz Alfredo Marques Magalhães,
publicado no livro Um Homem de Seu Tempo 2011. Membros do Aero Clube de Ponta
Porã, ao fundo o castelinho. 1945.
O inicio da aviação em
Ponta Porã se deu em sete de setembro de 1941 com a fundação do aeroclube da
cidade, através do programa do Governo Federal “Deem Asas ao Brasil”,
o local era onde hoje se encontra a área da estação ferroviária e o castelinho
(prédio histórico da cidade). O aeroclube contava nesta época com duas
aeronaves, as mesmas foram doadas pelo Governo Federal.
Foto arquivo de Srª
Elza Mendes Golçalves 1941: publicado no livro Um Homem
de Seu Tempo 2011 de Luiz Alfredo Marques Magalhães, nesta imagem épica registrou
um momento histórico para região fronteiriça, “O jornalista Assis Chateaubriand
discursa na solenidade de entrega de aviões em Campanário. Na foto ainda estão
Juan Baptista Ayala, Ministro plenipotenciário do Paraguai, Ester Mendes
Gonçalves, sobrinha de Franscisco Mendes Gonçalves, Oswaldo Euclides de Souza
Aranha, ministro das Relações exteriores, Joaquim Pedro Salgado Filho, Ministro
da Aeronáutica, e pradinho do “Piper” Don Francisco, nome do sócio fundador da
Cia. Mate Laranjeira, Francisco Mendes Gonçalves”. MAGALHÃES. Luiz A. Marques
Arquivo pessoal de Luiz A. M. Magalhães: “A linha da
fronteira no ano de 1945, em destaque no circulo vermelho Pharmacia Estrela
inaugurada em 1926 ao lado o funcionou o Cine Palma fundado pelo espanhol Estebán
Palma, depois foi adquirido pelo carioca João Vayres, que o transformou no Bar
e Cine Brasil. em fotografia feita por Leon Torossian a bordo de um avião de Athamaryl
Saldanha”. MAGALHÃES. 2011.
Relembrar
fatos históricos que de alguma maneira contribuíram para o desenvolvimento da região
de fronteira em seu tempo e proporcionar aos cidadãos o conhecimento de
acontecimentos épicos que marcaram uma geração.
Pesquisador: Yhulds Giovani Pereira Bueno. Pós-graduado em
Metodologia do Ensino em História e Geografia. Professor de qualificação
profissional, gestão e logística (Programas Municipais, Estaduais e Federais).
Professor coordenador da Rede Municipal de Educação, membro do Grupo Xiru do CTG –
Querência da Saudade – Ponta Porã – MS.
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