quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ponta Porã Linha do tempo: Memórias da aviação da fronteira. O primeiro avião e a criação do Aeroclube de Ponta Porã através do programa Federal “Deem Asas ao Brasil”.

·         Yhulds Giovani Pereira Bueno
“Criei um aparelho para unir a humanidade, não para destruí-la.” Alberto Santos Dumont (1873-1932).
Ao longo da evolução histórica o desejo de voar está presente na humanidade, pode se dizer que tal fato seja proveniente desde os tempos pré-históricos, quando os homens observavam os pássaros neste período evolutivo.
Existem muitos registros e narrativas históricas de aventureiros que se arriscarão a voar, sendo esses mal sucedidos, o mais famoso ”Ìcaro” (mitologia Grega), que juntamente com seu pai Dédalo construiu asas artificiais a partir da cera, mel de abelhas e penas de gaivota para fugir de sua prisão.
Antes da fuga, Dédalo alertou ao filho que não voasse muito perto do sol, para não derreter suas asas, mas Ícaro não obedeceu a seu pai, e pôs-se voar próximo ao sol, suas asas derreteram com o calor e Ìcaro acabou caindo no mar Egeu.
Séculos se passaram ao decorrer dos milênios, até que o primeiro aviador no dia 
23 de outubro de 1906, neste dia uma centenas de pessoas se aglomeravam no campo de Bagatelle, em Paris, para observar um imponente aeroplano branco, essa engenhoca fora construída com asas feitas de pipas-caixas e um motor de 50 cavalos-vapor, uma façanha para estes tempo.

De pé, em um cesto entre as asas, estava um homem elegantemente vestido, muito conhecido de todos por suas prodigiosas façanhas aéreas em balões e dirigíveis. Alberto Santos-Dumont tentava tornar-se o primeiro homem do mundo a voar em avião, este fato fora registrado e perpetuado sendo Alberto Santos Dumont o pai da aviação brasileira, reconhecido no mundo como um dos mais brilhantes em seu tempo, dentro das diversas invenções, destaca-se também a adaptação do relógio de pulso, para facilitar aos pilotos ver as horas.
O primeiro avião em Ponta Porã que se tem notícia foi registrado por Elpídio Reis em seu livro Polca churrasco e chimarrão, 1981. “As populações de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero não conheciam avião. Certo dia de 31, ou 32, lá pelas dez da manhã surgiu no ar vindo da capital do Paraguai um avião, que hoje chamaríamos de teco-teco”.
Foi registrado pelo autor, que os moradores de ambas as cidades saíram para ver o que estava acontecendo, o avião sobrevoou por alguns minutos, descendo no campo de futebol que neste período histórico se localizava ao lado do Quartel do Exército de Pedro Juan Caballero Paraguai, quem se encorajou foi no local para observar, “ver o bicho de perto”.
“Eu, menino, também fui. Quando chegamos ao local onde o avião se achava, soldados paraguaios o guardavam formando uma fila que hoje chamamos de cordão de isolamento. Vimos àquela raridade a certa distância. À tarde, por volta das três horas, o avião levantou voo para dar um show muito especial. Pôs-se a sobrevoar as duas cidades fazendo no ar a mais incríveis piruetas” REIS, Elpídio, 1981. P. 106.

Segundo relato, o piloto era alemão, fora aviador combatente da primeira “Guerra Mundial”, creio eu que muito provavelmente veio observar a imensidão de terras, essas sempre foram grande atrativo a estrangeiros para investimentos na agropecuária na região fronteiriça, entre outros negócios da época, isso se explica a quantidade de imigrantes descendentes de alemães na fronteira. Depois deste acontecimento épico, aviadores começaram a surgir na região de fronteira muitos deles filhos de Ponta Porã. 

Foto divulgação: Irmãos Cardoso aviadores filhos ilustres de Ponta Porã, da esquerda para direita; Arsênio, Ezaul Filho, Arlindo, Heitor, Elidio e Aral. Na década de 40 o Presidente da época Getúlio Vargas cria o programa “Deem Asas ao Brasil” este programa tinha finalidade única de formar pilotos para aviação brasileira, entre eles os famosos “irmãos Cardoso”, Sendo eles heróis proporcionou a sua mãe Srª Aurora Icassatti Cardoso, receber a medalha do Mérito de Santos Dumont em 1964 com o título de “Mãe dos Aviadores”, noticiada no jornal Ultima Hora e publicada no livro Um Século de Histórias de Ramão Ney Magalhães. 2013.

Foto arquivo pessoal de Luiz Alfredo Marques Magalhães, publicado no livro Um Homem de Seu Tempo 2011. Membros do Aero Clube de Ponta Porã, ao fundo o castelinho. 1945.
O inicio da aviação em Ponta Porã se deu em sete de setembro de 1941 com a fundação do aeroclube da cidade, através do programa do Governo Federal “Deem Asas ao Brasil”, o local era onde hoje se encontra a área da estação ferroviária e o castelinho (prédio histórico da cidade). O aeroclube contava nesta época com duas aeronaves, as mesmas foram doadas pelo Governo Federal. 

Foto arquivo de Srª Elza Mendes Golçalves 1941: publicado no livro Um Homem de Seu Tempo 2011 de Luiz Alfredo Marques Magalhães, nesta imagem épica registrou um momento histórico para região fronteiriça, “O jornalista Assis Chateaubriand discursa na solenidade de entrega de aviões em Campanário. Na foto ainda estão Juan Baptista Ayala, Ministro plenipotenciário do Paraguai, Ester Mendes Gonçalves, sobrinha de Franscisco Mendes Gonçalves, Oswaldo Euclides de Souza Aranha, ministro das Relações exteriores, Joaquim Pedro Salgado Filho, Ministro da Aeronáutica, e pradinho do “Piper” Don Francisco, nome do sócio fundador da Cia. Mate Laranjeira, Francisco Mendes Gonçalves”. MAGALHÃES.  Luiz A. Marques


Arquivo pessoal de Luiz A. M. Magalhães: “A linha da fronteira no ano de 1945, em destaque no circulo vermelho Pharmacia Estrela inaugurada em 1926 ao lado o funcionou o Cine Palma fundado pelo espanhol Estebán Palma, depois foi adquirido pelo carioca João Vayres, que o transformou no Bar e Cine Brasil. em fotografia feita por Leon Torossian a bordo de um avião de Athamaryl Saldanha”. MAGALHÃES. 2011.
Relembrar fatos históricos que de alguma maneira contribuíram para o desenvolvimento da região de fronteira em seu tempo e proporcionar aos cidadãos o conhecimento de acontecimentos épicos que marcaram uma geração.

Pesquisador: Yhulds Giovani Pereira Bueno. Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Municipais, Estaduais e Federais). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação, membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade – Ponta Porã – MS.









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