Quando
se fala em fronteira logo vem à mente de muitos saudosistas de outras épocas a
distinta fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, onde para estar em
outro país, bastam atravessar a rua, duas nações cercadas de várias culturas e
uma vasta diversidade de povos, oriundos das mais diversas localidades do mundo
e do Brasil, que chegam aqui acreditando nesta fronteira que sempre recebe seus
visitantes de braços abertos.
Vamos
fazer uma breve viajem no tempo retornando ao que seria o inicio legal de Ponta
Porã que foi criado pela Lei n° 617 de 18/07/1912, nesse período esse pequeno
município de 32 quadras conforme mapa distrital feito na época pelo senhor
Antonio Fernando de Medeiros, o traçado foi registrado de 12 de julho de 1902,
este mapa da cidade foi publicado na edição de Luiz Alfredo Marques Magalhães
no livro Convivendo na Fronteira (2012).
Desenho de Antonio
Fernando de Medeiros confeccionado em 12 de julho de 1902, publicado no livro
de Luiz Alfredo Marques Magalhães, Convivendo na fronteira 2012.
Este
mapa histórico mostra uma cidade pequena com quatro avenidas principais e nove
cruzamentos, o que se observa que os nomes originais das ruas foram mudando
conforme os anos, exemplo da Avenida Brasil que neste período se chamava
General Costa Marques outro fato curioso é que onde hoje se localiza a Rua sete
de setembro que anteriormente se chamava Miranda em algumas quadras e Couto
Magalhães nas demais, em especial nesta Rua Miranda neste quarteirão segundo o
mapa de 1902 existia a praça da liberdade neste local hoje se encontra o Banco
Bradesco entre outras lojas e comércios. Segundo informações do mapa o
cemitério se localizava próximo à área que hoje pertence ao quartel do 11º RC
MEC, mostrando desta forma que o mesmo foi transladado de lugar posteriormente.
O
quartel da PM se localizava ao final do prolongamento da Rua General Ozorio,
nesta mesma região existia entre a Rua Antonio João e General Costa Marques,
hoje Avenida Brasil uma praça, curiosamente ao longo dos anos distintas Ruas de
Ponta Porã não mudaram de nome, permanecendo até os dias de hoje com seus nomes
iniciais sendo elas: Rua Antonio João, Rua General Ozório e Rua Guia
Lopez.
Onde
hoje é a Rua Internacional neste período que o mapa foi elaborado tinha um
prolongamento chamado de Rua Rio-grandense, desta forma mostrando homenagem aos
colonizadores do Sul, pois em certo ponto da Rua Antonio João existia um
prolongamento denominado Rua São Borja, seguindo as informações do mapa está
rua se localizava onde hoje é a Rua Baltazar Saldanha e Dep. Aral Moreira.
Doze
anos após a elaboração de deste mapa foi autorizado mediante lei à criação do
município de Ponta Porã, em 101 anos de emancipação política a “Princesinha dos
Ervais” vem se desenvolvendo passando por vários períodos sócio-políticos e
econômicos do Brasil, muito bem retratados no livro de Elpídio Reis, Ponta Porã
Polca Churrasco e Chimarrão (1981), mencionando que nem todas as famílias que
chegavam de vários lugares do sul e da Argentina preferiam se fixar do lado
brasileiro, preferindo o lado paraguaio por ser mais desenvolvido montando suas
lojas de comercio de produtos que vinham da capital paraguaia Assunção por ser
mais próxima, pois do lado brasileiro a distancia entre a fronteira e São Pulo
centro comercial brasileiro é de 1300 km tornando assim inviável na época a
disputa entre os produtos do Paraguai que vinham de 360 km, como nesse período
não se tinha estrutura de estradas do lado brasileiro o crescimento era bem
menor em Ponta Porã do que em Pedro Juan Caballero, sem contar que o Paraguai
se abastecia de produtos vindos da Europa dificultando muito a concorrência,
não é de hoje que a oferta do país vizinho é mais atrativa.
É
relatado também que escolas só havia do lado paraguaio porque era lá que o
desenvolvimento maior acontecia enquanto do lado do Brasil tudo era muito mais
difícil, comenta também, a respeito da amizade e boa vizinhança entre a
população das duas cidades, que rendeu segundo o autor, em 1946 o primeiro
lugar uma classificação essa épica, realizada pela ONU, “foi aponta como
exemplo de fronteira ideal”. Isso em outros tempos saudosos da fronteira.
“Assim,
enquanto o lado paraguaio progredia, centralizando o comercio da região, o lado
brasileiro tinha apenas um posto de cobrança de impostos sobre o comercio feito
com erva-mate e também para não deixar que mercadorias compradas no Paraguai,
com finalidade comercial, passassem para o Brasil” Reis. Elpidio – Ponta
Porã polca Churrasco e Chimarrão. p. 57.
Sempre
foi um luta dos cidadãos de Ponta Porã, uma melhor abertura comercial para a
região de fronteira considerando a sua distinta peculiaridade. O que se percebe
destes fatos históricos relatados que as lutas de um passado nem tão distante
por todos aqueles que se fixaram aqui na fronteira ainda persiste nos dias
atuais, uma abertura comercial a tão sonhada “Zona de Livre Comercio”. Que
ajudaria grandemente no maior desenvolvimento socioeconômico da fronteira em
especial a cidade de Ponta Porã.
Elpidio
ressalta a importância em outros tempos da Empresa Mate Laranjeira, que com
certeza teve uma contribuição direta para o desenvolvimento da região de
fronteira, disto não se tem duvidas, desbravando trilhando caminhos que
facilitaram a entrada de novos colonos a Ponta Porã.
Conhecer
sua história e uma forma de reverenciar todos aqueles que de alguma forma
contribuíram para o surgimento e desenvolvimento de nossa cidade e região. Viva
a todos da fronteira sem distinção.
A fronteira pós-guerra
do “Paraguai” foi muito procurada, era um grande atrativo as vastas terras aqui
existentes, durante a sua histórica destaca se o 11º Regimento de Cavalaria
sendo comandado por Eurico Gaspar Dutra que foi o décimo sexto presidente do
Brasil no período de 31.01.1946 a 31.01.1951, na atualidade o “11ºRC. MEC” em
homenagem a tal celebre figura nacional denomina-se “Marechal Eurico Gaspar
Dutra”,
Fonte imagem da web divulgação. Campeonato de hipismo de 1943,
realizado no 11º RC.
Fonte imagens da web divulgação. Nesta foto: Construção do
Pavilhão de comando do 11º RC 1941.
Em 1919 é criado em Ponta Porã o 11º RC (Regimento de
Cavalaria) e instalado no ano seguinte, sendo seu primeiro Comandante o Capitão
Hipólito Paes Campos.
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