“Agora tire o chapéu tamo
chegando no céu, é aqui meu Mato Grosso, este gigante colosso...Hélio Serejo,
Canto Caboclo”.
No
período histórico que foi vilarejo, o lado brasileiro recebia o mesmo nome da
vila existente no lado paraguaio, ambas se chamavam “Punta Porã”.
“Aconteceu que o lado paraguaio
acabou recebendo o nome oficial de Pedro Juan Caballero, em homenagem a um dos
libertadores do Paraguai”. Elpidio Reis. 1981.
Com as
escolha de um novo nome do lado paraguaio para a distinta cidade irmã, no lado do Brasil o nome de “Punta Porã”
abrasileirou se para “Ponta Porã” desta forma cada local seguiu rumo ao seu
desenvolvimento, que visivelmente era bem melhor e mais atrativo na cidade do
país vizinho de acordo com relatos de
pesquisadores da época.
Os
problemas evoluem ou permanecem? Para tentar compreender o presente temos que
analisar os fatos do passado através de escritores de outras épocas, que
sensibilizados e preocupados com os problemas existentes no pequeno vilarejo do
lado brasileiro, relatavam estes eventos do cotidiano de uma fronteira da
virada do século XIX.
“A falta de garantias nesta parte da
fronteira era completa, pela ausência de autoridades. Desde a retirada do
destacamento comandado pelo Alferes Nazareth a zona ficou entregue à sua
própria sorte”. ROSA, apud. REIS. ELPIDIO. 1981 p. 61.
No
ano de 1897 chega a Ponta Porã o militar Francisco Marcos Tupy Serejo, sendo
ele major do exército, um legitimo veterano da guerra da “Tríplice Aliança” ou
“Guerra do Paraguai” o mesmo fora incumbido de um destacamento neste período
histórico de 20 soldados (praças) e um sargento pertencentes ao 7º Regimento de
Cavalaria, ficaram sobre o comando do Major Serejo integrantes “praças” da
milícia do Estado, dentro de suas atribuições estava à administração da Agência
Fiscal, para que o mesmo realiza se a devida cobrança dos impostos devidos
sobre a exportação da erva-mate para o Paraguai e impedir de forma efetiva o
contrabando na região de fronteira, este fato histórico fora publicado no livro
de Elpídio Reis Polca churrasco e chimarrão de 1981.
Na
virada do século em 10 de abril de 1900 através da resolução de nº 255, o
Governo do Estado cria a Paróquia de Ponta Porã, sendo neste período nomeado o
militar João Antônio da Trindade, capitão, o mesmo um dos heróis da “Retirada
da Laguna”, exerceu a função que o cargo lhe atribuía por doze anos, tendo como
escrivães, sucessivamente, os cidadãos da época Orcílio Freire, Júlio Alfredo
Mangini e Policarpo de Ávila.
Foto
arquivo pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos: João Antônio da Trindade (Capitão), primeiro morador
da região de Ponta Porã chegando a meados de 1892. Segundo informações de
historiadores um dos heróis da retirada da Laguna, foi o primeiro juiz de paz
de Ponta Porã, era considerado um dos homens mais cultos da região, morou na
cidade até seu falecimento em 11 de novembro de 1920.
A primeira Escola Mista
de Ponta Porã foi cria da com a Lei Nº 294 de 11 de abril de 1901, sendo
nomeado como professor o senhor Júlio Alfredo Mangini.
Arquivo
pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos: Seu Bisavô Júlio Alfredo Mangini, primeiro
professor da região fronteiriça, português residente em Ponta Porã naturalizado
brasileiro, pela grande naturalização concedida pela República e 1889.
Arquivo
Pessoal de Maria Guarani Kaiowa Barcellos: Dona Olímpia, bisavó de Maria
Guarani, esposa de Júlio Alfredo Mangini, considerado o primeiro professor de
Ponta Porã, Dona Olímpia era filha de João Antônio da Trindade que é
considerado o primeiro morador a se fixar na região onde hoje é Ponta Porã.
Ponta
Porã neste período histórico de sua formação estava subordinada à jurisdição da
Comarca de Nioaque, posteriormente vinculando se ao Distrito Policial de Bela
Vista, quando foi criado o Município de Bela Vista. A evolução de Ponta Porã
foi lenta, sendo uma pequena sede de um Distrito de Paz da região, em sua
localidade existia somente uma pequena escola, que era única na extensão da
faixa de fronteira.
A
população de Ponta Porã teve um relativo aumento conforme a chegada das
caravanas de famílias oriundas do Rio Grande do Sul que se fixavam na região,
segundo levantamentos publicados pelo pesquisador e escritor Elpídio Reis.
Desta
forma percebemos que ao longo do povoamento da região, muitos viajantes
passaram por essa fronteira, a exemplo da família Ribeiro, Vargas, Silva e
Bueno, um destes migrantes o patriarca Roberto da Silva Bueno juntamente com
sua esposa Maria Rodrigues e filhos, um deles o senhor Gumercindo Bueno, outra
família era composta por Zeferino Vargas e sua esposa Bernadina Ribeiro, que
viajavam com seus filhos e filhas uma delas Ramona Ribeiro Vargas, ambas as
famílias oriundas do Rio Grande do Sul em especial de São Borja, os mesmos eram
integrantes destas comitivas e tropeiros que chegavam e partiam da região, tais
famílias tinham como parada final a região de Rincão de Julho próximo a Sanga
Puitã (que significa córrego vermelho) e Rio Verde do Sul que se localiza
próximo a Taji (tagy), e a antiga Colônia Dutra, hoje Município de Aral
Moreira, como demais localidades da região.
Foto de 1919 de Luiz Alfredo M. Magalhães. Publicada
no livro um Homem de Seu Tempo, uma biografia de Aral Moreira, “intensa
movimentação das carretas ervateiras”. Isso se deu no início do século na
região fronteiriça, onde muitos desbravadores oriundos das mais diversas
localidades e regiões do Brasil, principalmente do Sul do país, iniciaram seus
cultivos e criações, nas estancias (fazendas) que estavam se formando na
fronteira.
Dificuldades
e problemas existem há milênios, e sempre irá existir, o que devemos aprender
com os pioneiros do passado, que dentro de suas lutas, ter a sabedoria de criar
soluções práticas para tais empecilhos que prejudiquem o desenvolvimento e o
crescimento de uma cidade e região. Viver o presente pensar no futuro, mas
nunca se esquecer do passado assim se faz uma nação forte, pois um povo sem
memória é um povo sem história.
Pesquisador: Yhulds
Giovani Pereira Bueno. Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e
Geografia. Professor de qualificação profissional, gestão e logística
(Programas Municipais, Estaduais e Federias). Professor coordenador da Rede
Municipal de Educação, membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade –
Ponta Porã – MS.
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