*Yhulds Giovani Pereira
Bueno.
Pensar o passado para compreender o presente e
idealizar o futuro. “Herodoto”.
Para compreendermos o
presente precisamos realizar uma análise de fatos do passado, pois a história parece
ser muitas vezes ensinada como um constante crescente de progresso, isto é, o
passado tende a ser concebido como deficitário como atrasado em relação ao
presente.
Resgatar tais fatos,
estes gravados nas memórias de tantos cidadãos da região fronteiriça, que em
seu tempo puderam vivenciar situações que direta e indiretamente contribuíram
para a evolução sociopolítica, cultural e desportiva de Ponta Porã. Permite compreender
certas conquistas atuais, podendo ser citada a liberdade e maior participação
das mulheres em eventos desportivos que antes era somente permitido a homens,
estas lutas que se iniciaram no passado, hoje permite a novas gerações
desfrutar livremente destas conquistas.
Realizando uma retrospectiva
de eventos históricos, voltamos ao ano de 1965. O Brasil estava em plena
ditadura militar, não diferente a fronteira de Ponta Porã com Pedro Juan
Caballero vivenciava esse estilo de Governo e suas influências na sociedade,
refletindo na maneira comportamental das pessoas.
Nos grandes centros
brasileiros, como em vários lugares espalhados pelo mundo, muitos manifestos
ocorriam em busca de direitos nos mais variados níveis sociais, a população
sempre estava em busca de maior participação nas politicas sociais, de poder
exercer um papel maior no desenvolvimento sócio cultural, nesses embalos, as
mulheres também estavam sempre buscando sua participação mais efetiva dentro da
sociedade, direitos iguais em uma sociedade que na época era puramente
machista, se hoje as mulheres e a população em geral tem uma maior
participação, liberdade sem censura, pode se dizer que isso acontece graças ao
pioneirismo de tantos em outros tempos, que através de suas atitudes
visionárias quebram paradigmas e tabus em busca de realizar seus ideais.
Vamos realizar um
resgate deste período através do relato de quem participou efetivamente como
atleta desta equipe feminina do Athenas Esporte Clube. A senhora Vergínia Cuevas
Pereira.
Arquivo pessoal de
Vergínia Cuevas Pereira: Alunas do Colégio Paroquial São José, meados da década
de 60 séc. XX. Turma do 4º ano primário juntamente com a professora freira,
irmã Margarida Maria.
A Senhora Vergínia
relembra que o “Athenas” fora criado no ano de 1965, uma equipe de futebol de
salão feminino formada por alunas do Colégio Paroquial São José com idade entre
15 e 16 anos, o idealizador dessa façanha nesses tempos foi o professor Isaac
Borges Capillé ou como era chamado carinhosamente por todos como professor (borjinho)
isso devido a sua estatura, “borjinho” desportista, sendo membro atuante da
Liga Desportiva Municipal de Ponta Porã, como no meio sócio político da
fronteira, figura pública respeitada por todos em seu tempo, fora ele o
idealizador da letra do hino de Ponta Porã.
Imagem da fachada
da antiga Escola Paroquial São José, década de 60, entrada que se localizava na
Avenida Brasil.
Com o apoio da direção
da escola que nessa época tinha como diretor o Padre Thomaz e treinadas por um
dos melhores atletas desses tempos da região fronteiriça, conhecido por “careca”.
Arquivo
pessoal de Gilberto Amarilha: Francisco Brandão ou “Chico Bera”, Gilberto
Amarilha ”Giba” e Careca década de 70.
A Equipe do Athenas
Esporte Clube treinava na quadra que se localizava nesse tempo na área
reservada para práticas esportivas no fundo do Colégio Paroquial São José, onde
hoje se encontra as quadras de esportes da Escola Mace & São José, na
divisa com as dependências da Igreja Matriz São José, era uma quadra pequena nesses
tempos rodeada com arquibancadas de madeira, os treinos ocorriam durante o dia,
pois se tratando de moças todo cuidado tinha que ser tomado, o uniforme era short
vermelho e camiseta branca estilo regata (sem mangas) com símbolo da equipe
bordado, a senhora Vergínia ressalta que a aluna de nome Telma irmã do desportista
da época conhecido pelo apelido de “Tetéco”, esse fora fundador da equipe do
Operário Esporte Clube da região de fronteira. Telma que incentivou as demais
meninas a participar da equipe que estava sendo formada pelo professor “Borjinho”,
como nesses tempos uma equipe feminina era algo inusitado, fora do padrão moral
e cultural da sociedade, a mesma causaria um grande alvoroço na região. A
senhora Vergínia relembra de alguns nomes, como da Giselda Brandão, Joana de
Souza Lima e da própria Telma.
A senhora Vergínia
segue relembrando que em época de jogo a quadra ficava sempre cheia para
assistir os jogos, que tinham como adversárias as equipes do país vizinho
Paraguai principalmente de Pedro Juan Caballero, cidades vizinhas da região
fronteiriça e da cidade de Campo Grande, em suas lembranças à senhora “Vergínia”
menciona com saudosismo que a equipe do Athenas nunca perdeu um jogo que
participou, pode ser que tenha sido pela presença sempre cativa do Padre
Thomaz, que nunca deixava de ir a aos jogos das meninas do Athenas tendo sempre
a mão um grande e belo terço.
Padre Thomaz sempre
incentivou a prática desportiva principalmente a equipe feminina, sempre
exigindo respeito de quem comparecia para assistir os jogos, outro grande
incentivador que participava dos jogos o Padre Pedro.
Esse pioneirismo deu
inicio a uma série de eventos e práticas desportivas voltadas ao público
feminino na região fronteiriça. Um fato ficou gravado em sua memória, foi o fim
da equipe do Athenas se deu segundo relato da senhora Vergínia quando a equipe
fora convidada para participar de um campeonato na cidade de Penápolis Estado
de São Paulo, para isso as atletas deveriam ter autorização dos pais ou
responsáveis e do Juiz da comarca de Ponta Porã, aconteceu que o Juiz da época
não deferiu a favor da viajem das meninas alegando que as mesmas eram menores,
e a prática deste esporte traria prejuízos como varizes e formas físicas um
tanto masculinas as meninas, por esse motivo o professor Isaac Borges Capillé
“Borjinho” (in memórian), não teve alternativa a não ser terminar com a equipe
para evitar conflitos com os contras da época, mas outras já estavam sendo
criadas na cidade e região.
Graças a essas
pioneiras do Athenas Esporte Clube em seu tempo que de certa forma abriu portas,
incentivando outras a participarem de esportes que antes era exclusivo do
universo masculino.
Fico feliz em poder
resgatar esse fato, e mencionar uma das protagonistas desta equipe do Athenas, minha
mãe Verginia Cuevas Pereira, que tenho um grande orgulho de ser filho e sempre
seguir minha vida através de seus ensinamentos.
Pesquisador: Yhulds Giovani Pereira
Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas
Estaduais e Federias). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação. Membro
do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade – Ponta Porã – MS.
Em 1972 eu terminava de cursar o quarto ano do ensino primario ,no colegio Mendes Gonçalves e realizei o curso do programa de Admissão para o Quinto ano Colegial e isto seria no Colegio Paroquial São Jose,,e realmente nesta Época o Prof. professor Isaac Borges Capillé “Borjinho” éra o nosso Professor de Educação fisica,,e o Padre Pedro é ra O Diretor do Colegio Paroquial....e o Padre Thomas faziam Parte da Igreja Redentorista São Jose onde fiz o meu curso de catequese e aos Domingos na missa eu tinha o Prazer de Tocar o Sino da Igreja...que tinha tambem o Lendario Django,,uma figura muito caricata da época....Que lembranças otima...
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