História o causo e a lenda, para que os mesmos possam existir, precisa ser feita de pessoas, “homens e mulheres” que se tornam personagens de suas narrativas em seu tempo, de maneira a contribuírem no desenvolvimento econômico, social, cultural e político de sua cidade, região e país.
Ponta Porã, fronteira de
histórias épicas registradas na memória histórica nacional, marcadas por fatos
cercados de mistérios, alguns já perdidos no tempo, outros relatados por pesquisadores,
historiadores e escritores, de pessoas que aqui fixaram sua morada, como também
de descendentes que cresceram ouvido essas histórias da criação de nossa cidade
de nossa rica fronteira da “Princesinha dos Ervais”.
Através
de levantamentos históricos de Ponta Porã, muitos levam o credito de pioneiro e
fundador da fronteira, mas vamos realizar uma retrospectiva da linha do tempo
histórica, para resgatar fatos que identifiquem as raízes da formação desta
região fronteiriça.
Imagem
publicada no livro de Marco Rossi, Ponta Porã 100 anos, 2012. Fonte: Mapa
imagens da formação territorial brasileira, Fundação Odebrecht, Rio de Janeiro,
1993. Mapa de 1798 da região em que dois séculos depois nasceria à cidade de
Ponta
Porã.
Um
dos primeiros fatos histórico registrado ocorreu no ano de 1777, quando uma
expedição militar enviada pelo imperador chegou a esta região, tendo como objetivo
de explorar o solo, conhecer e mapear de forma mais precisa a extensão e todas
as riquezas que aqui existiam, assim poderiam conhecer sua dimensão com uma
maior precisão, um fator que chamava a atenção seria o potencial na quantidade
de matas e futuras terras para cultivo que esta região teria.
Quase
um século após esta expedição no ano de 1862 chegou o grupo do tenente militar
Antônio João Ribeiro que tinha como objetivo fixar um forte na cabeceira do rio
“Dourados” por ser este local estratégico, hoje esta região é o município de
Antônio João, para neste local especifico ser erguida a famosa Colônia Militar
dos Dourados que foi destruída durante a guerra da tríplice aliança ficando
este fato marcado na história.
Fonte Governo do
Estado de Mato Grosso do Sul, publicado no livro de Marco Rossi, Ponta Porã 100
anos. Reprodução da Fazenda Santo Tomaz de meados de 1934, feita por Antonio
Gonçalves, Resultado da medição que ampliou Os limites do município de Ponta Porã,
agregando as terras pertencentes à antiga Companhia Mate Larengeiras, área
consolidadas trocadas por terras próximas a Campanário.
Seguindo
a linha do tempo histórica de nossa fronteira que teve muitos colonizadores
exploradores da erva mate tentando se fixar na região o mais famoso o Tomáz
Larangeiras detentor de imensas porções de terras, contribuiu com o
desenvolvimento, Tomáz Larangeiras explora e industrializava a erva-mate em
Ponta Porã e exporta para Argentina, mas também era alvo de críticas por manter
um grande monopólio em torno da exploração de erva mate neste período histórico.
Fonte:
Imagem da web. Vista aérea da Laguna Porã, década de 50.
No
ano de 1880 chega à região o senhor Alferes Nazareth, um militar que vem com a
missão de comandante e ergue seu acampamento junto à lagoa do Paraguai (Laguna
Porã), onde hoje é a cidade de Pedro Juan Caballero, o senhor Nazareth veio com
sua esposa, fato este que gerou então o nascimento do primeiro Pontaporanense
de nome Boaventura Nazareth, nascido segundo registro no dia 14 de julho de
1881, o mesmo só pode ser registrado no cartório de Nioaque a 250 km de distância
de Ponta Porã, por ser lá o local com cartório mais próximo.
Segundo
levantamento histórico muito bem relatado no livro de Elpidio Reis Ponta Porã
Polca Churrasco e Chimarrão de 1981, o primeiro a se fixar na cidade em 1892,
foi o capitão João Antônio da Trindade, carioca natural da capital Rio de
Janeiro, veterano da guerra da tríplice aliança um herói reconhecido a nível
nacional principalmente por ter participado na campanha militar da Retirada da
Laguna.
O
senhor Trindade se fixou na cidade de Ponta Porã com sua família, foi ele o
primeiro morador que realmente se estabeleceu no local onde efetivamente se
formou a cidade de Ponta Porã e mencionado segundo registro do historiador
entre outros pesquisadores e escritores da época, que neste período, somente
existia fixo no local um posto fiscal que tinha a incumbência de arrecadar impostos
referentes à exploração de erva mate, o responsável por tal posto fiscal era o
senhor Emílio Calhau.
Segundo
relatos da época o inicio do povoamento de Ponta Porã foi à região de periferia
onde é mencionado que existia um vasto brejo sendo este um grande atoleiro de
fato quase impenetrável, hoje o mesmo não existe mais nem a mata virgem que
existia próximo deste brejo na região norte o que limitava essa área era a
cabeceira do córrego São João e ao Sul a cabeceira o córrego Estevão, próximo
dos marcos feito em madeira, esta de lei, que indicavam o limite da linha
divisória com Paraguai.
Foto arquivo pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos: João Antonio da Trindade
(Capitão), primeiro morador efetivo da região de Ponta Porã. Segundo
informações de historiadores um dos heróis da retirada da Laguna, sendo o
primeiro juiz de paz de Ponta Porã, era considerado um dos homens mais cultos
da região, morou na cidade até seu falecimento em 11 de novembro de 1920.
Este
distinto morador Senhor João Antonio da Trindade faleceu em Ponta Porã em 11 de
novembro de 1920 segundo informações de seus descendentes e de historiadores e
mencionado no livro de Elpídio Reis, o senhor Trindade era considerado em sua
época um homem mais culto existente na cidade, desta forma cabia a ele um papel
fundamental no desenvolvimento sócio-político cultural na pequena cidade que
estava começando a se constituir de forma mais efetiva e menos transitória de
seus moradores no perímetro urbano.
Arquivo pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos: Bisavô de Maria Guarani Kaiowá Barcellos Júlio
Alfredo Mangini, primeiro professor de Ponta Porã.
Arquivo Pessoal de Maria Guarani Kaiowa Barcellos: Dona
Olimpia, bisavó de Maria Guarani, esposa de Julio Alfredo Mangini, considerado
o primeiro professor de Ponta Porã, Dona Olimpia era filha de João Antonio da
Trindade que é considerado o primeiro morador da região onde hoje é Ponta Porã,
foi o primeiro Juiz de Paz da cidade.
Contudo
não podemos creditar ao senhor Trindade o título de primeiro morador dentre
tantos outros que por aqui passaram, mas que fique claro que ele adotou a fronteira
como seu porto seguro sua última parada, o que podemos dizer e que Ponta Porã
vem evoluindo, crescendo ao decorrer das décadas através de sua população
oriunda de várias partes do Brasil e de outros lugares do mundo.
Que
seja registrado que o senhor Trindade indiscutivelmente foi o primeiro a se
fixar e a contribuir na formação da cidade, sua dedicação contribuiu
grandemente para o desenvolvimento desta região.
Resgatar
fatos épicos de uma região é respeitar todos os pioneiros que deixaram suas
marcas na história para ser contada.
Pesquisador: Yhulds
Giovani Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística
(Programas Estaduais e Federias). Professor coordenador da Rede Municipal de
Educação. Membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade – Ponta Porã – MS.
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