sábado, 16 de agosto de 2014

Ponta Porã Linha do Tempo: Capitão João Antônio da Trindade. Raízes históricas e culturais, memórias da formação fronteiriça e seu primeiro fundador.

  
  História o causo e a lenda, para que os mesmos possam existir, precisa ser feita de pessoas, “homens e mulheres” que se tornam personagens de suas narrativas em seu tempo, de maneira a contribuírem no desenvolvimento econômico, social, cultural e político de sua cidade, região e país.
  Ponta Porã, fronteira de histórias épicas registradas na memória histórica nacional, marcadas por fatos cercados de mistérios, alguns já perdidos no tempo, outros relatados por pesquisadores, historiadores e escritores, de pessoas que aqui fixaram sua morada, como também de descendentes que cresceram ouvido essas histórias da criação de nossa cidade de nossa rica fronteira da “Princesinha dos Ervais”.
  Através de levantamentos históricos de Ponta Porã, muitos levam o credito de pioneiro e fundador da fronteira, mas vamos realizar uma retrospectiva da linha do tempo histórica, para resgatar fatos que identifiquem as raízes da formação desta região fronteiriça.

Imagem publicada no livro de Marco Rossi, Ponta Porã 100 anos, 2012. Fonte: Mapa imagens da formação territorial brasileira, Fundação Odebrecht, Rio de Janeiro, 1993. Mapa de 1798 da região em que dois séculos depois nasceria à cidade de Ponta 
 Porã.

  Um dos primeiros fatos histórico registrado ocorreu no ano de 1777, quando uma expedição militar enviada pelo imperador chegou a esta região, tendo como objetivo de explorar o solo, conhecer e mapear de forma mais precisa a extensão e todas as riquezas que aqui existiam, assim poderiam conhecer sua dimensão com uma maior precisão, um fator que chamava a atenção seria o potencial na quantidade de matas e futuras terras para cultivo que esta região teria.
  Quase um século após esta expedição no ano de 1862 chegou o grupo do tenente militar Antônio João Ribeiro que tinha como objetivo fixar um forte na cabeceira do rio “Dourados” por ser este local estratégico, hoje esta região é o município de Antônio João, para neste local especifico ser erguida a famosa Colônia Militar dos Dourados que foi destruída durante a guerra da tríplice aliança ficando este fato marcado na história.


Fonte Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, publicado no livro de Marco Rossi, Ponta Porã 100 anos. Reprodução da Fazenda Santo Tomaz de meados de 1934, feita por Antonio Gonçalves, Resultado da medição que ampliou Os limites do município de Ponta Porã, agregando as terras pertencentes à antiga Companhia Mate Larengeiras, área consolidadas trocadas por terras próximas a Campanário. 

  Seguindo a linha do tempo histórica de nossa fronteira que teve muitos colonizadores exploradores da erva mate tentando se fixar na região o mais famoso o Tomáz Larangeiras detentor de imensas porções de terras, contribuiu com o desenvolvimento, Tomáz Larangeiras explora e industrializava a erva-mate em Ponta Porã e exporta para Argentina, mas também era alvo de críticas por manter um grande monopólio em torno da exploração de erva mate neste período histórico.

Fonte: Imagem da web. Vista aérea da Laguna Porã, década de 50. 

  No ano de 1880 chega à região o senhor Alferes Nazareth, um militar que vem com a missão de comandante e ergue seu acampamento junto à lagoa do Paraguai (Laguna Porã), onde hoje é a cidade de Pedro Juan Caballero, o senhor Nazareth veio com sua esposa, fato este que gerou então o nascimento do primeiro Pontaporanense de nome Boaventura Nazareth, nascido segundo registro no dia 14 de julho de 1881, o mesmo só pode ser registrado no cartório de Nioaque a 250 km de distância de Ponta Porã, por ser lá o local com cartório mais próximo.
  Segundo levantamento histórico muito bem relatado no livro de Elpidio Reis Ponta Porã Polca Churrasco e Chimarrão de 1981, o primeiro a se fixar na cidade em 1892, foi o capitão João Antônio da Trindade, carioca natural da capital Rio de Janeiro, veterano da guerra da tríplice aliança um herói reconhecido a nível nacional principalmente por ter participado na campanha militar da Retirada da Laguna.
  O senhor Trindade se fixou na cidade de Ponta Porã com sua família, foi ele o primeiro morador que realmente se estabeleceu no local onde efetivamente se formou a cidade de Ponta Porã e mencionado segundo registro do historiador entre outros pesquisadores e escritores da época, que neste período, somente existia fixo no local um posto fiscal que tinha a incumbência de arrecadar impostos referentes à exploração de erva mate, o responsável por tal posto fiscal era o senhor Emílio Calhau.
  Segundo relatos da época o inicio do povoamento de Ponta Porã foi à região de periferia onde é mencionado que existia um vasto brejo sendo este um grande atoleiro de fato quase impenetrável, hoje o mesmo não existe mais nem a mata virgem que existia próximo deste brejo na região norte o que limitava essa área era a cabeceira do córrego São João e ao Sul a cabeceira o córrego Estevão, próximo dos marcos feito em madeira, esta de lei, que indicavam o limite da linha divisória com Paraguai.

Foto arquivo pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos: João Antonio da Trindade (Capitão), primeiro morador efetivo da região de Ponta Porã. Segundo informações de historiadores um dos heróis da retirada da Laguna, sendo o primeiro juiz de paz de Ponta Porã, era considerado um dos homens mais cultos da região, morou na cidade até seu falecimento em 11 de novembro de 1920.

  Este distinto morador Senhor João Antonio da Trindade faleceu em Ponta Porã em 11 de novembro de 1920 segundo informações de seus descendentes e de historiadores e mencionado no livro de Elpídio Reis, o senhor Trindade era considerado em sua época um homem mais culto existente na cidade, desta forma cabia a ele um papel fundamental no desenvolvimento sócio-político cultural na pequena cidade que estava começando a se constituir de forma mais efetiva e menos transitória de seus moradores no perímetro urbano.
 Arquivo pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos:  Bisavô de Maria Guarani Kaiowá Barcellos Júlio Alfredo Mangini, primeiro professor de Ponta Porã.

Arquivo Pessoal de Maria Guarani Kaiowa Barcellos: Dona Olimpia, bisavó de Maria Guarani, esposa de Julio Alfredo Mangini, considerado o primeiro professor de Ponta Porã, Dona Olimpia era filha de João Antonio da Trindade que é considerado o primeiro morador da região onde hoje é Ponta Porã, foi o primeiro Juiz de Paz da cidade.

  Contudo não podemos creditar ao senhor Trindade o título de primeiro morador dentre tantos outros que por aqui passaram, mas que fique claro que ele adotou a fronteira como seu porto seguro sua última parada, o que podemos dizer e que Ponta Porã vem evoluindo, crescendo ao decorrer das décadas através de sua população oriunda de várias partes do Brasil e de outros lugares do mundo.
  Que seja registrado que o senhor Trindade indiscutivelmente foi o primeiro a se fixar e a contribuir na formação da cidade, sua dedicação contribuiu grandemente para o desenvolvimento desta região.
Resgatar fatos épicos de uma região é respeitar todos os pioneiros que deixaram suas marcas na história para ser contada.

Pesquisador: Yhulds Giovani Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federias). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação. Membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade – Ponta Porã – MS. 

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