*Yhulds
Giovani Pereira Bueno.
Quando se fala em
histórias, seja ela causo ou lenda que tenha no seu enredo algum mistério, é
comum que as pessoas geralmente pensem que tal história seja de fantasma, que
tem nela terror, pois para muitos, terror e mistério andam juntos sempre, claro
que nem sempre o causo de mistério tem alguma assombração no meio de sua
história, mas o assustador é tudo que foge do comum, e de certa forma de
arrepios quando o fato é lembrado.
Foto
de Albert Braud, 1926 – Publicada no livro um Homem de Seu Tempo, uma biografia
de Aral Moreira de Luiz Alfredo
M. Magalhães “quartel do corpo de polícia militar”. O mesmo foi
utilizado como cadeia por muitos anos.
O castelinho é um
prédio histórico da região fronteiriça, localizado na cidade de Ponta Porã,
Mato Grosso do sul, construído na década de 40 para abrigar o governo do novo Território
Federal de Ponta Porã, um Território Federal brasileiro em 13 de setembro de 1943,
conforme o Decreto-lei n.º 5 812, do governo de Getúlio Vargas.
O território foi
extinto em 18 de SET. de 1946 pela Constituição de 1946,
e reincorporado ao então estado de Mato Grosso.
Atualmente a área do
antigo território de Ponta Porã faz parte do estado de Mato Grosso do Sul situado na região de
fronteira que faz divisa com a cidade de (Pedro Juan Caballero Capital do
Departamento de Amambay situada no país vizinho Paraguay). Vale ressaltar que
seu governador durante os três anos de existência do Território de Ponta Porã
foi o Militar Ramiro Noronha .
Com o fim do Território
Federal, o castelinho passou a ser utilizado como quartel e (cadeia), para
abrigar os prisioneiros da região fronteiriça, que futuramente dependendo do
grau de periculosidade eram encaminhados nesses tempos para a Capital Cuiabá ou
a cidade de Campo Grande.
No fim da década de 50 a
Linha da férrea da Noroeste do Brasil já estava em pleno funcionamento na
região de fronteira, tendo como sua última parada a cidade de Ponta Porã.
No local uma grande
estrutura que compunha toda área da estação ferroviária com: Entrada principal
com saguão e bilheteria, plataforma de embarque e desembarque, depósitos de
mercadorias, mas afastada outras estruturas que serviam para armazenamentos de
grãos entre outras mercadorias.
Foto
arquivo Lourdes Aparecida Teixeira: Vista aérea da esplanada da NOB-Noroeste do
Brasil, na imagem aparece em destaque à estação ferroviária a casa dos
ferroviários, o castelinho que servia de quartel da PM e presidio atrás dele a
casa onde morava a senhora Lourdes A. Teixeira, que pertencia a NOB, ao fundo o
prédio da primeira empresa de mate solúvel da América “MATEX” ao lado o cemitério
Cristo Reis. Uma Ponta Porã pequena no inicio de sua urbanização, década de 60.
A estrutura de
manutenção ou oficina de máquinas se localizava mais ao centro da área destina
a estação ferroviária e próximo de tal estrutura se localizava a P.A. (Pernoite
e Alimentação), uma espécie de ponto de apoio aos funcionários da Noroeste, que
tinham que ficar muitos dias para realizar seus trabalhos, dentro desta P.A.
existia uma grande estrutura que era a área do restaurante para os funcionários,
onde os mesmos realizavam suas refeições diárias, neste tempo um casal prestava
serviço para Noroeste do Brasil, sendo eles responsáveis para preparar as
refeições dos empregados dos diversos setores, o rodízio de pessoal era
constante e necessário para manter a grande estrutura que era na época a NOB - Estrada
de Ferro Noroeste do Brasil.
Segue relato de
moradores da região, que nestes tempos poucas casas existiam por estes lados da
cidade conhecida como vila áurea e “Peguaho” que significa em tupi guarani (lugar
distante), a rotina seguia normalmente, nesses tempos, mas um acontecimento
trágico mudou a rotina da Noroeste de Ponta Porã, no início da década de 60, um
assassinato fora do comum estarreceu a fronteira nesses tempos, a mulher que
fazia as refeições dos funcionários da Noroeste marata seu marido, com enumeras
facadas, como de costume os criminosos eram levados ao castelinho para prestar
depoimento e ficar em cárcere (preso), não fora diferente com a mulher, que foi
conduzida até o castelinho para prestar depoimento e contar o acontecido.
Muito se especulou
sobre o que levou a tal fatídico e sinistro desfecho, de um relacionamento que
para quem observara na época aparentemente de um casal normal, claro que tinham
suas diferenças conjugais.
Nos dias e semanas que
se passaram, muitos foram os curiosos, que visitavam o castelinho para observar
a mulher que ficara em cárcere, e hora ou outra aparecia na grade da janela. Apelidada
pela população local como “Dama do castelinho”, fato ficou conhecido pela
região fronteiriça, por ser a primeira mulher presa em tal local.
Segue história do fato,
que a mesma ficava horas olhando pela grade da janela, sem esboçar uma única
palavra, em certo momento proferia um grito assustador misturado com choro e
lamento, por vezes passava mal, e chamava se o médico para realizar atendimento
a tal Dama. Remorso, arrependimento, medo, isso somente ela poderia responder.
Imagem
divulgação colhida o site:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1646992
Tal
estrutura em meados da década de 1940 foi utilizada para alojar o corpo da
guarda do Território Federal no Estado Novo do Presidente Getúlio Vargas e o
Governador do Território o Militar Coronel Ramiro Noronha, depois por longa
data como quartel do Batalhão da polícia Militar e cadeia, atualmente
encontra-se em total estado de abandono e sem nenhuma manutenção.
Anos se passaram e tal
história ficou gravada na memória dos moradores mais antigos da região, que
acreditam que tal “Dama” habita o castelinho em ruinas, e quem passa em frente
de tal estrutura no fim de tarde, pode escutar os lamentos e ver o vulto da
dama observando o horizonte pela grade da janela, basta acreditar, mas na
dúvida, poucos querem se arriscar a passar em frente da estrutura depois do
entardecer.
Admirar fatos
históricos, causos e lendas, e respeitar a cultura popular de uma região, a história
de um povo é sua maior riqueza.
Pesquisador e
historiador: Yhulds Giovani Pereira Bueno. Professor de qualificação
profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federais). Professor da
Rede Municipal de Educação. Membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade
– Ponta Porã – MS.
Olá Yhulds Bueno, se a foto do castelinho é de 1926, como ele foi construído na década de 40?...
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