PONTA PORÃ NA LINHA DO TEMPO ERVA-MATE: A
HISTORICIDADE CULTURAL KA’A NA FORMAÇÃO REGIONAL
Artigo elaborado por: Prof. Me. Yhulds Giovani Pereira Bueno
RESUMO: A finalidade desta pesquisa documental e de produzir um
estudo através de referencial teórico existente sobre o assunto a ser abordado,
acerca da influência dentro do desenvolvimento regional da exploração e
produção da erva-mate nativa para compreender dentro da historicidade qual foi
o seu papel mediante este contexto histórico, que há transformou em uma
mercadoria valiosa, para consumo local e exportação considerada pelos primeiros
ervateiros uma espécie de ouro verde, pela quantidade e variedade, podendo ser
consumida quente ou fria e utilizada para tingimento de tecidos, conhecimentos
sobre os usos da erva-mate ka’a em tupi guarani.
PALAVRAS CHAVES: Fronteiras regionais; Identidade territorial;
Identificação histórico-cultural.
INTRODUÇÃO:
Antes da chegada dos europeus à América, os índios guaranis já
usavam as folhas da erva-mate chamada de ka’a karai, “folha sagrada”, ou côgoi,
palavra esta que foi posteriormente adaptada ao idioma português como
“congonha” para preparar uma bebida estimulante. Era o chamado ka’a y traduzido
do guarani, “água de folha”. As folhas da erva eram colocadas em uma cuia com
água e o líquido era então chupado através de uma taquara, caniço ou osso o
chamado tacuapi, filtrado através de um trançado de fibras vegetais.
FONTE:
https://www.youtube.com/watch?v=QdugD5ob5hU Processo Histórico da Erva Mate
Segundo o mito guarani, a bebida foi descoberta quando um velho
índio não conseguiu mais acompanhar as andanças da tribo devido à sua idade
avançada e teve que ficar para trás. Sua filha decidiu ficar com ele, mas ele
queria que ela fosse com a tribo, então o deus Tupã (ou então São Tomé) lhe
ensinou a preparar uma bebida com as folhas da erva-mate, bebida esta que lhe
daria forças e que permitiria a ele e a sua filha acompanharem a tribo. Os
índios guaranis costumavam armazenar as folhas de erva-mate em cestas de
taquara
Os primeiros achados de erva-mate segundo estudos têm como data
aproximada de mil a.C. Foram encontrados vestígios de material, sendo estes,
moída com outros objetos em oferendas funerárias de sepulturas de povos no
Peru, segundo estudo publicado por SOUZA (1969) em seu livro “A origem do
chimarrão”. Não existem dúvidas de que tribos indígenas faziam uso da
erva-mate. Sabe-se que ela era consumida, em infusão ou mascada, em diversas
outras tribos além dos Guaranis, como pelos ameríndios (Incas e Quíchuas) e
também por Caingangues que estavam na região onde hoje é o Paraná.
Através do contato do branco europeu com os índios nativos
locais que o costume de beber mate se propagou. Essa interação entre os dois
povos e culturas, pode explicar a origem de algumas palavras: dentro da língua
guarani surgiu expressões como congonha (de caá, depois congoin [em tupi], que
significa erva-mate, mato); cuia (de caigua); carijo (de cari, local onde se
colocam os galhos da erva para secar ao calor do fogo) e tererê (do guarani
jacubi, que era mate de água fria). Do tupi surgiu a palavra barbaquá (buraco
onde a erva era colocada para secagem). Do quíchua foi herdado o nome mate (era
mati, porongo onde colocavam a erva para beber).
O ERRO DE PESQUISA CIENTÍFICA DE CAMPO
Segundo SOUZA (1969) foi por um erro de percurso que a erva-mate
ganhou o nome científico, em 1820, de Ilex paraguariensis, dado pelo botânico
francês August de Saint-Hilaire. Ele teve contato com a árvore primeiramente no
Paraguai, mas depois se retratou em um livro, hoje guardado em uma biblioteca
de Paris. O naturalista reconheceu que seria mais adequado tê-la chamado de
Ilex brasiliensis. Pois descobriu, posteriormente, que era no Brasil, em grande
parte no território hoje do Paraná, que a erva-mate era nativa em maior
quantidade e melhor qualidade. É debaixo dos galhos das araucárias que os
ervais se desenvolvem.
A vastidão da planta de erva–mate, que chamou a atenção do
botânico francês, já havia atraído os olhares de outros visionários. O ouvidor
Rafael Pires Pardinho, que estava em Curitiba por volta de 1721 para criar um
código de posturas para a cidade, registrou em seus diários, com um século de
antecipação, o que seria a grande possibilidade econômica da região.
FONTE: http://www.apremavi.org.br/erva-mate-uma-arvore-de-tradicao/
De acordo com fontes e publicações os europeus que introduziram
o metal nos apetrechos do mate: a bomba passou a ser feita de prata (abundante
na região na época, oriunda das minas de Potosí, na atual Bolívia), com
detalhes em ouro. A bomba passou a contar com um pequeno adorno colorido perto
do bocal chamado “pitanga” (uma referência à pequena fruta vermelha homônima de
aspecto semelhante), que tem a função prática de indicar o lado da bomba que
deve ficar voltado para cima. A cuia passou a ter o bocal revestido de prata. E
foi criada uma armação de metal para sustentar a cuia, quando ela não estivesse
sendo usada. Para os menos abastados, em vez da prata era utilizado outro metal
branco menos valioso, como a alpaca ou o alumínio. A água usada no preparo do
mate pelos índios guaranis era, inicialmente, fria. Foram os europeus que
passaram a utilizar água quente no preparo da bebida, muito provavelmente para
evitar doenças oriundas de água contaminada não fervida. “Os europeus também
passaram a armazenar a erva-mate em bolsas impermeáveis de couro, os chamados
surrões”.
A palavra castelhana cimarrón, que significa “selvagem” e que
era utilizada para se referir ao gado bovino que havia sido introduzido pelos
espanhóis na América do Sul e que havia se dispersado, tornando-se selvagem,
foi usada pelos luso-brasileiros do Rio Grande do Sul para designar a bebida,
que passou a ser conhecida como chimarrão.
Fonte:imagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gauchos_mateando.jpg
Outro fato histórico evidencia que os índios da atual região
sudeste dos Estados Unidos utilizavam uma planta aparentada à erva-mate para
produzir um chá que tinha supostos efeitos purificadores. A planta era a (Ilex
vomitória) e o chá era chamado de “bebida negra”, “bebida branca”, “cassina” ou
yaupon. O chá era consumido em uma grande concha ornamentada. Muitas vezes, seu
uso era seguido de vômito, também, com efeito, supostamente purificador. Com a
expulsão dos índios da região para o interior dos Estados Unidos, onde não
existia a Ilex vomitoria, o uso do chá desapareceu, permanecendo somente na
região costeira do atual estado da Carolina do Norte.
OS GUARANIS DA ARGENTINA
Por volta de 1690, Anton
Sepp, jesuíta austríaco, ao encontrar índios na Banda dos Charruas, conta: “(…)
um deles pediu apenas um pouquinho de uma erva paraguaia que não é outra coisa
senão as folhas secas de determinada árvore, moídas em pó. Esse pó os índios
deitam na água e dele bebem (…)” sabe-se assim que para além da utilização da
erva-mate em folha também existe a sua utilização em pó (resultado da moagem da
folha). FONTE:http://www.escoladochimarrao.com.br/curiosidades-inf.php?cod=8
Os guaranis da região nordeste da Argentina parecem ter sido os
descobridores do uso da erva-mate. No século 16, os guaranis passaram este
conhecimento aos colonizadores espanhóis, que o disseminaram por todo o
Vice-Reino do Rio da Prata. A erva-mate chegou a ser proibida no sul do Brasil
durante o século XVI, sendo considerada “erva do diabo” pelos padres jesuítas
das reduções do Guayrá. A partir do século XVII, no entanto, os jesuítas
passaram a incentivar o seu uso pelos índios com o objetivo de afastá-los das
bebidas austríaco, ao encontrar índios na Banda dos Charruas, conta: “(…) um
deles pediu apenas um pouquinho de uma erva paraguaia que não é outra coisa
senão as folhas secas de determinada árvore, moídas em pó. Esse pó os índios
deitam na água e dele bebem (…)” sabe-se assim que para além da utilização da
erva-mate em folha também existe a sua utilização em pó (resultado da moagem da
folha).
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
No século XVIII, com a expulsão dos jesuítas da América, ocorreu uma
desorganização no setor produtivo da erva-mate. Isto estimulou o crescimento da
extração de erva-mate na região dos atuais estados brasileiros do Paraná e de
Santa Catarina. O primeiro engenho brasileiro de erva-mate a obter autorização
de funcionamento foi o de Domingos Alzagaray, argentino residente na cidade de
Paranaguá, no ano de 1808.
A indústria da erva-mate passou a movimentar toda a economia do litoral
e do planalto paranaense (na época, ainda pertencentes à Capitania de São
Paulo). Os engenhos eram, inicialmente, movidos à energia hidráulica, a qual
movimentava rodas que, por sua vez, movimentavam os pilões que batiam e
reduziam a pó os ramos de erva-mate. Posteriormente, a energia hidráulica dos
engenhos foi substituída por energia a vapor. O pó de erva-mate produzido pelos
engenhos era acondicionado em sacos feitos de bexiga de boi costurada chamados
surrões. Datam, dessa época, os “homens verdes”, como eram chamados os operários
dos engenhos de erva-mate, que ficavam cobertos pelo pó verde resultante do
processamento da erva-mate.
FONTE:
https://www.viajarcorrendo.com.br/2018/04/casa-da-erva-mate.html
Em viagem ao sul do Brasil, o viajante e médico alemão Roberto
Avé-Lallemant relatou, em meados de 1858: “É o mate a saudação da chegada, o
símbolo da hospitalidade, o sinal da reconciliação. Tudo o que em nossa
civilização se compreende como amor, amizade, estima e sacrifício, tudo o que é
elevado e bom impulso da alma humana, do coração, tudo está entretecido e
entrelaçado com o ato de preparar o mate, servi-lo e tomá-lo em comum.”
Após a Guerra Guaçu, e com derrota do Paraguai, o nordeste paraguaio foi
anexado definitivamente pelo Brasil e o sudeste paraguaio, pela Argentina. Ambas
as regiões anexadas eram grandes produtoras de erva-mate, que passaram a
abastecer os seus respectivos mercados nacionais. O imperador brasileiro dom
Pedro II concedeu ao comerciante Thomas Larangeira o direito de exploração de
erva-mate no território paraguaio anexado, como recompensa por sua atuação na
guerra. A primeira sede da Empresa Matte Larangeira, depois Companhia Matte
Larangeira, foi, no entanto, a cidade paraguaia de Concepción, a partir de
1877. Posteriormente, a companhia se mudou para as cidades brasileiras de Porto
Murtinho (no atual estado de Mato Grosso do Sul) e Guaíra (no estado do
Paraná).
A partir do final do século XIX, o transporte da erva-mate, que era
feito através de mulas, passou a ser feito por carroças, que foram introduzidas
pelos imigrantes alemães, poloneses e ucranianos. Logo em seguida, passou a ser
utilizado o transporte fluvial através do Rio Iguaçu e o transporte
ferroviário, através da recém-construída estrada de ferro Curitiba-Paranaguá,
que facilitou o escoamento da erva-mate produzida no planalto paranaense para
os portos no litoral. Nessa época, os surrões (sacos de bexiga de boi
costurada) que acondicionavam a erva-mate passaram a ser substituídos por
barris de madeira, gerando um novo ciclo econômico na região: o Ciclo da
Madeira.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
Aspectos Fitoquímicos da Ilex
paraguariensis Universidade Federal do Paraná – acessado em junho de 2018
Erva-mate Santo Antônio. Disponível
em http://www.ervamatesantoantonio.com.br/museu/. Acesso em agosto 2018
GIL, Felipe. No rastro de Afrodite:
plantas afrodisíacas e culinária. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. ISBN
85-7480-232-8.
____https://ojoioeotrigo.com.br/2023/08/mate-origem-indigena-guarani/
___
http://pantaneirissimo.blogspot.com/2012/08/terere-pantaneiro-uma-cultura-no.html
Acesso setembro 2018.
¬¬¬___
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erva-mate Acesso outubro 2018
___
http://www.escoladochimarrao.com.br/curiosidades-inf.php?cod=8 Acesso novembro
de 2018
___https://www.viajarcorrendo.com.br/2018/04/casa-da-erva-mate.html
Acesso novembro de 2018
LINHARES, Temístocles. História econômica do mate. Rio de Janeiro: 1969;.
MARÉS DE SOUZA, Fredericindo. A origem do Chimarrão. Boletim do Instituto
Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense. Curitiba, v.10, p.32-39, 1969
_____https://www.sindimate.org.br/processo-historico
____https://apremavi.org.br/erva-mate-uma-arvore-de-tradicao/
Pesquisa: Prof. Me. Yhulds G. P. Bueno. Desde 1993 auando na docência da
Rede Pública e Privada. Formado em Educação Física, Formação Pedagógica e
Licenciatura em História. Mestre em Desenvolvimento Regional e de Sistemas
Produtivos; Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de História e Geografia;
Pós-graduado: Docência em Biblioteconomia; Pós-Graduado: Ensino de História.
Membro associado do Rotary Club Ponta Porã Pedro Juan Caballero Guarani –
Distrito 4470
Nenhum comentário:
Postar um comentário