27/07/2015 às 08:30
Ponta Porã Linha do Tempo: Causos e lendas da região fronteiriça.
“Jaguarete-avá” O índio xamã que se transformava em onça pintada
Como explicar o sobrenatural, algo que foge do que é real, ou subintende ser natural, no decorrer da existência e evolução do ser humano na terra o mesmo navega nas narrativas históricas das mais diversas culturas espalhadas pelo mundo se esforçando para compreender suas místicas (causos e lendas).
Para obter conhecimento de uma determinada cultura essa pertencente a uma comunidade, isso pode ser realizado através da análise de sua história ou de seus causos e lendas, esses narrados e repassados por gerações.
Essa mística é muito forte na cultura indígena, que nas suas lendas, mostra a transformação do homem ou da mulher em animal, espirito ou em algo sobrenatural, em outros tempos, esses acontecimentos tem como base a interpretação do seu mundo de sua própria existência, ou explica o surgimento de elementos da natureza. Desta forma surgiu na fronteira há muito tempo atrás, isso na época do desbravamento da região quando tropeiros e viajantes se aventuravam por este vasto rincão cheio de matas cercado de mistérios.

A lenda do “Índio Jaguarete-ava”, que na mitologia guarani é “Yaguareté-abá”, origem do nome está na língua guarani língua onde "yaguareté" ou “jaguarete” é um dos nomes pelo qual é conhecida a onça pintada; e "abá" ou "avá" significa "homem". Também chamado de “homem-onça”, trata-se de um mito comum nos países sul-americanos, que também fez parte das lendas da fronteira do Brasil com Paraguai em outras épocas.
Existiam nestes tempos índios feiticeiros ou (xamã) que tinham a capacidade de se conectar com seres místicos através dos sonhos ou rituais, estes controlavam as matas e os poderes da natureza, invocavam espíritos para conseguir cumprir seus desejos, usando a pele da onça pintada realizavam ritual de andar em cima do couro do felino dentro das mata, com suas rezas antigas o “xamã” conseguiam tomar a forma do “jaguarete-avá” ou “homem-onça”, quando transformado seguia mata adentro para caçar e proteger sua região de outros seres ou qualquer um que tentasse invadir seu território.
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Imagem divulgação fonte: http://black-jaguar.org |

Na região fronteiriça de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero na época que era conhecida somente com “Punta Porã” que significa (Ponta bonita) existiram o “Jaguarete-avá” que percorria as matas muitos diziam que andava nos galhos das árvores, como nestes tempos muitos tropeiros e viajantes estavam a povoar a região, campesinos os estancieiros destes tempos relataram aos seus amigos e parentes que ocorriam ataques do “jaguarete avá” homem-onça, isso foi repassado por gerações, muitos diziam que os ataques do “jaguarete-avá” o homem onça, era para proteger seu território, pois ele atacava os tropeiros e viajantes, como as estancias da região que estavam invadindo suas terras, mas a relatos que o jaguarete-avá era cruel e muitos morreram tentando se proteger desta fera das matas, meio animal meio homem, por décadas apavorou a região com seus ataques.

Com o crescimento e desenvolvimento dos dois países e das duas cidades da região fronteiriça o mito do jaguarete-avá o homem-onça ficou adormecido, os moradores mais antigos da região que vivem nos meios rurais ainda dizem que o jaguarete-avá ainda esta pelas matas e quem se atrever a invadir seu território vai enfrentar sua fúria.
Mitos, lendas viram causos e são repassados por gerações, para desta forma preservar a herança da memória cultural de um povo e manter viva sua história.
“Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós pegamos emprestada de nossas crianças”. Proverbio Índio.
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