segunda-feira, 26 de maio de 2025

 

Ponta Porã Linha do Tempo: Causos e lendas da região fronteiriça.

“Jaguarete-avá” O índio xamã que se transformava em onça pintada


Como explicar o sobrenatural, algo que foge do que é real, ou subintende ser natural, no decorrer da existência e evolução do ser humano na terra o mesmo navega nas narrativas históricas das mais diversas culturas espalhadas pelo mundo se esforçando para compreender suas místicas (causos e lendas). 

Para obter conhecimento de uma determinada cultura essa pertencente a uma comunidade, isso pode ser realizado através da análise de sua história ou de seus causos e lendas, esses narrados e repassados por gerações. 

Essa mística é muito forte na cultura indígena, que nas suas lendas, mostra a transformação do homem ou da mulher em animal, espirito ou em algo sobrenatural, em outros tempos, esses acontecimentos tem como base a interpretação do seu mundo de sua própria existência, ou explica o surgimento de elementos da natureza. Desta forma surgiu na fronteira há muito tempo atrás, isso na época do desbravamento da região quando tropeiros e viajantes se aventuravam por este vasto rincão cheio de matas cercado de mistérios.

Entre os índios yanomami, a lenda conta que os primeiros
 homens na terra nasceram da união da índia curare que significa
 (veneno) com a yaguaraté ou (onça pintada).
 Imagem divulgação fonte: http://black-jaguar.org


A lenda do “Índio Jaguarete-ava”, que na mitologia guarani é “Yaguareté-abá”, origem do nome está na língua guarani língua onde "yaguareté" ou “jaguarete” é um dos nomes pelo qual é conhecida a onça pintada; e "abá" ou "avá" significa "homem". Também chamado de “homem-onça”, trata-se de um mito comum nos países sul-americanos, que também fez parte das lendas da fronteira do Brasil com Paraguai em outras épocas.

Existiam nestes tempos índios feiticeiros ou (xamã) que tinham a capacidade de se conectar com seres místicos através dos sonhos ou rituais, estes controlavam as matas e os poderes da natureza, invocavam espíritos para conseguir cumprir seus desejos, usando a pele da onça pintada realizavam ritual de andar em cima do couro do felino dentro das mata, com suas rezas antigas o “xamã” conseguiam tomar a forma do “jaguarete-avá” ou “homem-onça”, quando transformado seguia mata adentro para caçar e proteger sua região de outros seres ou qualquer um que tentasse invadir seu território.

Imagem divulgação fonte: http://black-jaguar.org


Na região fronteiriça de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero na época que era conhecida somente com “Punta Porã” que significa (Ponta bonita) existiram o “Jaguarete-avá” que percorria as matas muitos diziam que andava nos galhos das árvores, como nestes tempos muitos tropeiros e viajantes estavam a povoar a região, campesinos os estancieiros destes tempos relataram aos seus amigos e parentes que ocorriam ataques do “jaguarete avá” homem-onça, isso foi repassado por gerações, muitos diziam que os ataques do “jaguarete-avá” o homem onça, era para proteger seu território, pois ele atacava os tropeiros e viajantes, como as estancias da região que estavam invadindo suas terras, mas a relatos que o jaguarete-avá era cruel e muitos morreram tentando se proteger desta fera das matas, meio animal meio homem, por décadas apavorou a região com seus ataques.

Foto de 1919 de Luiz Alfredo M. Magalhães. Publicada no livro um Homem de Seu Tempo, uma biografia de Aral Moreira, “intensa movimentação das carretas ervateiras”. Isso se deu no início do século na região fronteiriça, onde muitos desbravadores oriundos das mais diversas localidades e regiões do Brasil, principalmente do Sul do país, iniciaram seus cultivos e criações, nas estancias (fazendas) que estavam se formando na fronteira.

Com o crescimento e desenvolvimento dos dois países e das duas cidades da região fronteiriça o mito do jaguarete-avá o homem-onça ficou adormecido, os moradores mais antigos da região que vivem nos meios rurais ainda dizem que o jaguarete-avá ainda esta pelas matas e quem se atrever a invadir seu território vai enfrentar sua fúria.

Mitos, lendas viram causos e são repassados por gerações, para desta forma preservar a herança da memória cultural de um povo e manter viva sua história.


“Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós pegamos emprestada de nossas crianças”. Proverbio Índio.

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