terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ponta Porã Linha do Tempo: Memória histórica e folclórica do cotidiano da fronteira. Os causos e lendas da região. Marco Grande de Ponta Porã e as Três Placas de Aral Moreira.

*Yhulds Giovani Pereira Bueno.

Sempre cercado de mistérios e com um ar sobrenatural, contado através dos tempos, causo é a maneira simples de um povo contar uma história, algo que era feito pelos mais velhos, os anciões em outras épocas distintas as novas gerações, mantendo sempre vivos na memória esses acontecimentos. 

O respeito aos bons costumes e aos  mais velhos era prioridade nesses tempos, pois todos se conheciam nestes tempos.

Desde que o mundo existe, de certa maneira os conflitos e a violência sempre fizeram e continuam a fazer parte do desenvolvimento sociocultural dos povos em geral, não que isso seja certo, longe de se fazer uma apologia a violência, mas infelizmente faz parte do cotidiano da população, não diferente na fronteira os entreveros e as desavenças sempre foram marcas desta região, quando a matança era grande onde nesses tempos ninguém sabia, quem ou como foi somente ouvia falar de algo que também não se sabia ao certo como tudo acontecia, pois o que aparecia eram os cadáveres “defuntos” em lugares já conhecidos da região de fronteira.

Arquivo pessoal de Gene Whitmer: Marco divisório da linha internacional, década de 60.

Em Ponta Porã o famoso “Marco Grande” que serve de ponto de referencia da divisa entre o Brasil e Paraguai, em outros tempos era ponto das famosas desovas de cadáveres “defuntos” que era um ou vários dependendo do ritmo da procura dos serviços dos famosos e temidos homens do terno preto ou “pistoleiros de aluguel”, claro que não se devem admirar tais fatos, mas que aconteciam nesses tempos as famosas trincheiras onde grupos rivais se encontravam e duelavam para ver quem era o poderoso da época, isso acontecia, um fato marcante na memória de alguns remanescentes destes tempos foi um duelo, entre grupos rivais de poder na então região do bairro da granja  onde hoje e o aeroporto, muitos tiros e ricochetes e baixa de ambos os lados, que claro ninguém viu ou ficou sabendo, só ouviu falar, essa era a Ponta Porã de outras épocas onde a  lei era para os mais fortes e os fracos nesses tempos não tinha espaço, claro isso em uma fronteira que hoje já não existe, pois a população que nada tinha haver com o fato seguia seu curso normalmente vivendo e crescendo nesta rica cidade.  

Já quando aconteciam os entreveros acometidos esses pelos quatreros (bandidos destes tempos) ou por pistoleiros da região de fronteira, o ponto de ultima parada do defunto era as “Três Placas” lugar onde poucos em outros tempos se atreviam a passar desacompanhados, por ser um lugar onde muitos corpos eram encontrados diariamente nesse período. 

Segue na lembrança dos populares desta região que há muito tempo fora encontrado 16 corpos em um único dia, sendo oito de cada lado da fronteira, alguns já meio enterrados, outros já nem tanto, algo que chamou atenção da época, pois ninguém sabia ou ficou sabendo de nada, essa é a fronteira de outros tempos, onde o respeito e a valentia andavam de mãos dadas.

Na região tanto nas “Três Placas” como no “Marco Grande” os viajantes ou quem passava por estes locais, visualizavam pessoas que muitas vezes pediam carona, ajuda e depois desapareciam na penumbra da noite. 

Se e verdade ou não fica essa mais uma história da região de fronteira.




Pesquisador e historiador: Yhulds Giovani Pereira Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federais). Professor coordenar da Rede Municipal de Educação. Membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade – Ponta Porã – MS.

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