quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ponta Porã Linha do Tempo: Os caminhos do Marechal Cândido Rondon e sua contribuição para o desenvolvimento do Oeste do Brasil.

* Yhulds Giovani Pereira Bueno.

“A América pode apresentar ao mundo duas realizações ciclópicas. Ao norte, o canal do Panamá, ao sul o trabalho de Rondon, Científico, Prático, Humanitário“ Teodoro Roosevel (ex-presidente dos E.U.A.). 



Fonte: Foto divulgação Projeto Rondon, O jovem sertanista.
Com o início da Republica no Brasil, o novo governo tinha uma preocupação que antes não era vista como prioridade do império, mapear de forma mais contundente a região localizada ao oeste do país e as faixas de fronteiras, pois eram isolados dos grandes centros os polos políticos e administrativos do país, além deste levantamento existia a necessidade de melhorar a comunicação entre estas extremidades.
O presidente Afonso Pena convoca o Major Cândido Rondon o mesmo terá a missão que nestes tempos era considerada quase impossível, ligar as regiões mais distantes do território nacional. Antes de propor ao major Rondon, o presidente o questiona – Acha possível realizar isso? Rondon responde ao presidente.  Para ser possível basta querer.
Antes de iniciar a narrativa sobre esta missão, que se tornou uma marca para nação e um dos maiores feitos de Rondon, faremos um breve resumo cronológico das principais feitos do inicio de sua brilhante carreira, desta figura que marcou seu tempo.


Foto publicada no livro: A vida dos grandes brasileiros. O jovem Cândido Mariano da Silva Rondon

Nasceu em maio de 1865. Em 1881 torna-se professor primário licenciado, 1883 matricula-se na Escola Militar, 1886 é encaminhado a Escola Superior de Guerra, 1889 e nomeado como ajudante da comissão de construção das Linhas Teleféricas de Cuiabá a Registro do Araguaia, 1890 Bacharelado em matemática, ciências físicas e naturais, promovido a 1º tenente, no mesmo ano nomeado tenente-substituto da cadeia de astronomia e mecânica, a convite de Benjamin Constant, 1991 assume o cargo de professor substituto na escola Militar, 1992 solicita exoneração do cargo de professor para assumir o cargo de chefe do distrito telegráfico de Mato Grosso, neste mesmo ano e promovido a capitão do corpo de Engenheiros Militares, 1893 participa da construção da estrada estratégica Cuiabá-Araguaia, 1898 assume o cargo de auxiliar técnico da Intendência da Guerra, 1900 chefe da comissão de construção das Linhas Telegráficas de mato Grosso, 1902 recebe a medalha de ouro por bons serviços prestados nos 20 anos de carreira militar, 1903 promovido a Major do corpo de Engenheiros militares, 1904 a 1906 constrói as linhas telegráficas de Cuiabá para o Interior de Mato Grosso até Bela Vista. Esta é uma pequena parte dos inúmeros feitos realizados por Rondon.
Foto publicada no livro: A vida dos grandes brasileiros. Acampamento em Bela Vista, as margens do Rio Apa.
A missão de ampliar as linhas telegráficas para o oeste do país foi dada ao militar Cândido Rondon que sem medir esforços iniciou a construção de novos caminhos, desta forma desbravando e mapeando as terras dentro do território nacional construindo os novos ramais e inovando na relação com os índios.
Este desafio teve seu início, desde então ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e a região do Araguaia e uma estrada ligando Cuiabá a Goiás, no inicio do século XX a nova fase de construção foi entre Cuiabá e Corumbá alcançando assim as fronteiras do Paraguai e da Bolívia.
No ano de 1906 sua expedição encontrou as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira que se tornaria uma das maiores relíquias do Brasil e de Rondônia. Em 1907, no posto de Major  do Corpo de Engenheiros Militares,  foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antônio da Madeira, a primeira a alcançar a Região Amazônica , e que foi denominada Comissão Rondon. 

Foto publicada no livro: A vida dos grandes brasileiros. Inauguração da estação telegráfica de Aquidauana. “A Linha surgiu na direção de Aquidauana, sempre com grandes dificuldades de implantação, mas a º de agosto inaugurava-se a estação dessa vila. Daí para Corumbá, o terreno era mais difícil ainda. Havia locais de terreno arenoso, onde era preciso que se fizesse ponta nos postes. Estes se cravavam com o próprio peso, até encontrar argila”. 


Fonte: imagem e divulgação Projeto Rondon

Os trabalhos da Comissão desenvolveram-se no início do século XX, nesta mesma época era construída a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto com o desbravamento e integração telegráfica de Rondon ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia.
A vida e a dedicação do Marechal Cândido Rondon foi um dos principais fatores para desenvolvimento da atual região Centro Oeste, as linhas telegráficas facilitaram a comunicação do desconhecido Oeste brasileiro com o restante do país.
Desde o início do século XX, com ajuda dos índios realizou a fixação dos postes e fiação desde Itaquirai, Piquiri e Corrientes, realizou a exploração do rio Taquari, na sequencia as linhas chegavam a Coxim deste ponto partia para alcançar as escarpas da serra de Maracaju rumando ao sul seguindo pelo rio Verde e Negrinho alcançando o rio Negro a fazenda Taboco, deste ponto chegando a Aquidauana, não demorou muito para atingir Corumbá e fazendas próximas, estendendo-se o ramal para Bela Vista e outro em direção a Porto Murtinho.


Fonte via morena extraída do livro “Rondon conta sua vida.” de: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 195. No amo de 1905 Rondon e sua comitiva passa pela região onde hoje é Ponta Porã. “Em sua viagem de inspeção ao Sul do Estado, após a extensão da linha telegráfica até Bela Vista, Rondon chega a Ponta Porã, povoado com rancharia de zinco e capim, numa planície imensa, sem rio que o abastecesse, apenas uma lagoa para servidão pública, havia, entretanto, nos arredores, cabeceiras que poderiam fornecer boa água aqueles 1000 habitantes, o comércio fazia-se com Concepción, através da célebre picada de Chiriguello, por onde passou Lopez na retirada para Cerro Corá, era a parte de Ponta Porã pertencente ao Paraguai, muito maior que a parte brasileira e chama-se hoje Pedro Juan Caballero, nome do patriarca da independência daquele país”.http://datasefatoshistoricos.blogspot.com.br/2011/03/26-de-julho.html
Rondon tem em sua descendência, bandeirantes paulistas e de espanhóis, também existe a origem de índios Bororo e Terena em sua árvore genealógica, nasceu em Mimoso no Mato Grosso, seu nome de batismo Cândido Mariano da Silva, com a permissão do Ministério da Guerra acrescentou o sobre nome de sua avó Rosa Rondon.

Fonte https://www.facebook.com/PontaPoraLinhaDoTempo/photo: Foto da visita do General Cândido Rondon ao 11º RC 1925. 
“Morrer se preciso for matar nunca!” Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Sua contribuição para o desenvolvimento da região destacando o estado de Mato Grosso e futuro estado de (Mato Grosso do Sul) foi crucial, graças sua coragem, pois se algo desta magnitude fosse tardia o próprio desenvolvimento também seria.
Seus feitos foram reconhecidos nacional e internacionalmente, recebeu títulos em vários países, destaca se a homenagem da Sociedade Geográfica de Nova York, neste local existe um livro exposto ao publico, nele contêm cinco nomes escritos em letras de ouro maciço exaltando os feitos de tais figuras para o desenvolvimento da humanidade em seu tempo, um destes nomes é de Marechal Cândido Rondon “o explorador que mais se avantajou em terras tropicais” uma honraria que atravessará o tempo.
O Brasil rendeu lhe homenagem em 1956, alterando o nome do antigo Território Federal do Guaporé para Rondônia. O marechal Cândido Mariano da Silva Rondon faleceu aos 92 anos em 19 de janeiro de 1958 deixou uma lição de vida de um grande desbravador humanitarista para novas e futuras gerações.
Pesquisador: Yhulds Giovani Pereira Bueno. Professor da Rede Municipal de Educação, qualificação profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federais). Professor Tutor das Faculdades Anhanguera Polo Ponta Porã.











sexta-feira, 10 de julho de 2015


Ponta Porã Linha do Tempo: Foto histórica do CASTELINHO, uma imagem que mostra a bela construção ainda intacta, observando percebe se que a guarita frontal  ainda não existia. 


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Ponta Porã Linha do Tempo: “CASTELINHO” Retratos de uma história. Símbolo material da memória histórica, política e cultural de Ponta Porã e região fronteiriça.


*Yhulds Giovani Pereira Bueno


“Sem cultura moral não haverá nenhuma saída pra os homens” (Albert Eisten).


Foto de Albert Braud, meados da década de 20 séc. XX. Construção do castelinho foi financiada pela Cia Mate Larangeiras, famoso prédio histórico localizado na cidade de Ponta Porã MS próximo à antiga Estação da NOB-Noroeste do Brasil.

O castelinho é um prédio histórico da região fronteiriça, localizado na cidade de Ponta Porã, Mato Grosso do sul, construído na década de 20 para abrigar o governo do novo Território Federal de Ponta Porã, um território federal brasileiro, em 13 de setembro de 1943, conforme o Decreto-lei n.º 5 812, do governo de Getúlio Vargas, o território foi extinto em 18 de setembro de 1946 pela Constituição de 1946, e reincorporado ao então estado de Mato Grosso. Vale ressaltar que seu governador durante os três anos de existência do Território de Ponta Porã foi o Militar Ramiro Noronha.
Com o fim do Território Federal, o castelinho passou a ser utilizado como quartel e (cadeia), para abrigar os prisioneiros da região fronteiriça, que futuramente dependendo do grau de periculosidade eram encaminhados nesses tempos para a Capital Cuiabá ou a cidade de Campo Grande.


Foto arquivo pessoal de Luiz Alfredo Marques Magalhães, publicado no livro Um Homem de Seu Tempo 2011. Membros do Aero Clube de Ponta Porã, ao fundo o castelinho. 1945.


Foto de Albert Braud 1926. Arquivo pessoal de Luiz Alfredo Marques Magalhães, publicado no livro Um Homem de Seu Tempo 2011. Obra da CIA. Mate Laranjeira. Consta que o prédio foi utilizado pelo antigo Ginásio São Francisco (escola de ensino fundamental neste período histórico) nas décadas de 50 e 60.


Para quem não conhece o local desta magnifica estrutura e tem curiosidade, o castelinho fica no bairro Noroeste perto ao antigo prédio reformado da estação ferroviária onde hoje e instalada a SEJUL e FUNDAC, o castelinho cuja construção foi épica em seu tempo para fronteira, pois seu estilo e imponência se destacavam, recebeu figuras importantes da sociedade fronteiriça e política da época, como também e conhecida por suas ricas lendas que envolvem o local, hoje o castelinho se encontra com sua estrutura praticamente toda comprometida se deteriorando consumida pelo tempo.

Foto arquivo de Andreia Moreno: imagem do castelinho dias atuais, professor pesquisador Yhulds Bueno em visita ao local histórico. Parte frontal e guarita.


Foto arquivo de Andreia Moreno: imagem do castelinho dias atuais, professor pesquisador Yhulds Bueno em visita ao local histórico, estrutura clássica que mantem ainda mesmo que o tempo contribua para o desgaste o Brasão Federal e o Brasão de Armas em sua fachada.


Foto arquivo de Andreia Moreno: imagem do castelinho dias atuais, professor pesquisador Yhulds Bueno em visita ao local histórico, reforço de grades que comprovam que este local foi utilizado como cadeia em outros tempos.


Foto arquivo de Andreia Moreno: imagem do castelinho dias atuais, professor pesquisador Yhulds Bueno em visita ao local histórico, parte dos fundos do prédio em destaque o muro reforçado de proteção e o segundo piso sacada superior do castelinho, que proporcionava uma visão privilegiada de parte da cidade.

Existe um movimento que vem tomando corpo de entidades publicas privada e política em prol da restauração do castelinho e transformação do mesmo em um museu esta sendo viabilizado projeto para que isso ocorra o mais breve possível, algo que eu já tinha comentado em um artigo por mim publicado em 2013, sobre a necessidade de uma preservação deste prédio, que é um patrimônio importante para a cultura e memória da fronteira, uma ação conjunta possibilitará que o sonho se torne real.

Relembrar fatos históricos que de alguma maneira contribuíram para o desenvolvimento de uma região em seu tempo e proporcionar aos cidadãos o conhecimento de acontecimentos épicos que marcaram uma geração.





A Arma.

A arma mais devastadora já foi inventada há tanto tempo que se tornou esquecida, apesar de estar sempre ativa passa despercebida, mas tem o dom de ferir mais do que mil bombas e ser mais devastadoras que o próprio apocalipse.

Essa arma e a palavra e sua tecnologia a língua, ambas são capazes de destruir de forma catastrófica, famílias, amizades, empregos, cidades, estados, país e o mundo, tal e seu poder midiático.

Respeitar o espaço para ser respeitado, lutar por igualdade sem ser desigual ao próximo, instigar sem desrespeitar o outro, saber que cada ser tem sua individualidade, crença, sua cultura e costumes que devem ser respeitados por quem segue e por todos a sua volta.

A língua deve ser mantida em seu lugar, pois sua ação desmedida já ocasionou guerras, tragédias e dramas. Uma palavra dita fere mais do que a pior arma já inventada, o ferido não esquece a ferida cicatriza, mas continua doer. Não seja você a ferir alguém guarde para si, para não magoar um filho um ente querido amigo colega de trabalho, pois você o esquece, mas ele nunca se esquecerá de você! 

O preço da palavra mal dita se paga durante a existência nem antes e nem depois, mas agora!
O Tempo


Amigo cruel, pois ele não para, e no seu ritmo frenético e ao mesmo tempo de calmaria, segue, o agora já passou, o ontem é passado o depois o futuro, que já chegou agora em um ciclo constante no tempo, como a areia que escorre na ampulheta. 

Tempo que me deixa no passado, me carrega no presente e me enche de mistério sobre o futuro, que se faz agora neste tempo.

Tempo todos precisam de mais tempo, queremos mais tempo, mas o que fazemos do tempo, preciso de tempo para pensar em todo esse tempo que preciso para refletir sobre o tempo.

Lembro-me do passado da ingenuidade da criança perdida no tempo, da impetuosidade do jovem que tinha todo tempo, da realidade do presente do homem que tem pouco tempo e no futuro do ancião que aproveitara melhor o seu tempo.

Diz o velho sábio já calejado pelo tempo uma frase escrita em algum lugar, "Que o passado é uma lembrança, o futuro um mistério e o agora uma dádiva divina dada pelo Grande Mestre Deus em seu amor fraterno, por isso se chama presente".

Viva não perca mais tempo pensando no tempo que teria se não perdesse tanto tempo.




Ponta Porã Linha do Tempo: Arquivo pessoal de Rodrigo Perin. Imagem histórica, Henrry Amorim Costa (Governador do novo Estado de Mato Grosso do Sul) Gaúcho de Cruz Alta político celebre destes tempos, nesta foto de 1979, entregando a faixa de primeira prenda do CTG Querência da Saudade em Ponta Porã, CTG da fronteira sempre foi frequentado por autoridades de dentro e fora do estado. “Em matéria de Clube, Ponta Porã tem, desde 1978, um que merece referência especial: é o Centro de Tradições Gaúchas – Querência da Saudade e que já nasceu vitorioso. Fundado por um grupo de gaúchos e filhos de gaúchos, logo no primeiro ano o CTG começou a construção de uma sede campestre em terreno localizado a 6 km do centro da cidade, com 1500m² de área construída, onde já se acham prontos: salão restaurante, gabinete médico, sanitários, cozinhas, etc...” ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 128. 

domingo, 19 de abril de 2015

Ponta Porã Linha do Tempo: Arquivo pessoal de Jakson Borralho. Na foto épica o Presidente neste período histórico do Brasil Getúlio Vargas, assessor e seu Ministro Negrão de Lima, que aparece em (2º plano) saúdam o grande político de seu tempo o pontaporanense de coração o gaúcho Drº Lício Borralho, no Palácio do Catete sede do então governo Federal da época no Rio de Janeiro a capital Federal do Brasil neste momento histórico em que essa imagem foi registrada. Drº Licio Borralho, foi 3 vezes prefeito de Ponta Porã, ajudou a construir o quartel do 11º RCI com recursos próprios, fundou as cidades de Bonito e Amambai, e graças a sua influencia e amizade com o Presidente do Brasil Getúlio Vargas transferiu através de decreto o Território Federal para a fronteira em especial cidade de Ponta Porã.

Ponta Porã Linha do Tempo: Arquivo pessoal de Jakson Borralho. Na foto Drº Lício Borralho,  foi 3 vezes prefeito de Ponta Porã, ajudou a construir o quartel do 11º RCI com recursos próprios, fundou as cidades de Bonito e Amambai, e graças a sua influencia e amizade com o Presidente do Brasil Getúlio Vargas transferiu através de decreto o Território Federal para a fronteira em especial cidade de Ponta Porã, no mandato de Deputado através de emendas e projetos conseguiu a construção da ponte do rio APA na região de Bela Vista e diversos outros empreendimentos culturais no estado como a construção da casa da cultura de cuiabana MT e na cultura de Corumbá MS.

domingo, 5 de abril de 2015

http://primeirahorams.com/2015/03/15/ponta-pora-linha-do-tempo-o-imperio-ervateiro-no-tempo-de-thomaz-laranjeira-a-dom-francisco-e-miguel-rodrigues-no-sul-de-mato-grosso/

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Ponta Porã Linha do Tempo:



Ponta Porã Linha do Tempo: Foto Arquivo da Família Rodrigues (Francisco Rodrigues in memoriam). Acervo de Carlos Morel. Francisco Rodrigues e sua esposa Joaquina Rodrigues, recebendo uma foto como lembrança do seu filho Adriano Rodrigues, que neste período histórico tinha 11 anos de idade. imagem de 1945.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ponta Porã Linha do Tempo. Há 37 anos o sonho dos gaúchos tradicionalistas fronteiriços se realizava, surgia o CTG-Querência da Saudade na região.

·         Yhulds Giovani Pereira Bueno.


“Em matéria de Clube, Ponta Porã tem, desde 1978, um que merece referência especial: é o Centro de Tradições Gaúchas – Querência da Saudade e que já nasceu vitorioso. Fundado por um grupo de gaúchos e filhos de gaúchos, logo no primeiro ano o CTG começou a construção de uma sede campestre em terreno localizado a 6 km do centro da cidade, com 1500m² de área construída, onde já se acham prontos: salão restaurante, gabinete médico, sanitários, cozinhas, etc...” ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 128


Arquivo pessoal de Deidamia Amarilha Godoy: Foto do fim da década de 70 CTG Querência da Saudade em destaque da esquerda para direita, Sebastião Roncatti e sua esposa Diomar Roncatti, de chapéu e bigode Alberi Venâncio posteiro da época, Godofredo Sady Bueno (in memoriam) um dos sócios fundadores do clube e sua esposa Deidamia Amarilha Godoy, em frente ao tradicional do bolicho do cocho velho.

Ponta Porã cidade fronteiriça carinhosamente apelidada como “Princesinha dos Ervais”, de histórias marcadas por fatos ricamente relatados por historiadores e escritores sul mato-grossenses, com Elpídio Reis, e de inúmeras pessoas que aqui fixaram sua morada, como também de descendentes que aqui cresceram, escutando e repassando essas histórias da criação de nossa cidade de nossa rica fronteira.


Arquivo pessoal Deidamia Amarilha Godoy: Baile Realizado no salão Paroquial São José Ponta Porã 1977, o referido baile foi para formalizar a composição, formação e construção do CTG Querência da saudade de Ponta Porã, com seus primeiros sócios fundadores. Em destaque na foto, Sebastião Silva e sua esposa Diomar Roncatt ladeado de Godofredo Sady Bueno (in memoriam) e Sua Esposa Deidamia Amarilha Godoy.

“Começam a chegar a Mato Grosso as comitivas do Rio Grande do sul, as causas dessa epopeia. Terminada a guerra do Paraguai, em 1870, a zona sul de Mato Grosso se tornara conhecida pelos componentes da coluna do general Câmara, que operou nas cordilheiras de Amambaí e Maracaju, na sua fase final. Feita a desmobilização, os que regressaram à sua província natal Rio Grande do Sul levaram a notícia de que aqui existiam campos devolutos, próprios para criação de gado, e imensas matas virgens, onde se encontrava a erva-mate nativa.” ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 49.


Foto Arquivo da Família Rodrigues (Francisco Rodrigues in memoriam).  Acervo de Carlos Morel. Dom Rodrigues uruguaio trajado com vestimentas típicas da época (pilcha), patriarca da família Rodrigues pioneira na formação de fazendas estâncias ervateiras na região fronteiriça na virada do século XIX.

No fim do século XIX e início do século XX, neste período histórico da região fronteiriça ocorreu uma grande migração do sul do país principalmente do Rio Grande do Sul, “gaúchos”, que juntamente com as comitivas e tropeiros, vieram em busca de novas oportunidades existentes na imensidão de terras de Mato Grosso, isso se deu principalmente por fatos ocorridos no seu estado, à revolução de 1893 a 1895, entre elementos do que defendiam as causas do Partido Federalista e defensores das causas do Partido Republicano, este fato contribuiu para uma grande saída em massa do estado do Rio Grande do Sul, para fugir deste conflito várias famílias sulistas migraram para a região de fronteira. Vale ressaltar que o Partido Republicano saiu vitorioso neste conflito.

Os colonos gaúchos, por longos anos trabalharam a terra, muitas pastagens foram formadas, a exploração da erva mate, sendo um dos percussores Tomas Laranjeiras, que ajudou no desenvolvimento econômico da região, sendo grandemente explorada, por este motivo à cidade de Ponta Porã ganhou o apelido de “Princesinha dos Ervais”, o café também foi muito explorado por longos anos substituído com a mudança climática e econômica do país ao longo dos anos a soja invadiu os campos fronteiriços, à exploração de madeira que proporcionou a criação de centenas de madeireiras em pleno funcionamento até meados da década de 80 a grande maioria sendo afiliado de empresas da Região Sudeste.

Agropecuária e o que atraiu mais os gaúchos a região de fronteira, que mesmo com seus ganhos e com as famílias fixadas sentiam falta, saudade dos pampas rio-grandenses, por tais motivos juntamente com a vontade de vencer trouxe em sua bagagem a cultura o modo de ser e existir, os costumes tradicionalistas. 


Arquivo pessoal de Deidamia Amarilha Godoy: Foto da década de 70 do início da formação do CTG Querência da Saudade, membros da diretoria e invernada do clube, neste evento recebendo diplomação do primeiro curso de formação de dança artística cultural promovida para sócios e membros das invernadas do clube.

Uma cultura gaúcha, que se destaca o churrasco que foi brilhantemente narrado por Elpídio Reis.

“Churrasco. Os Pontaporanense são, como poucos, afeiçoados ao churrasco. Tudo é motivo para um bom churrasco. Festa de noivado, de casamento, por exemplo, tem que ter um grande churrasco. Quando o filho completa o primeiro ano, mais outro churrasco. Se um fazendeiro convoca a vizinhança para um mutirão ou “puxirão”, como se diz nas fazendas da fronteira, o almoço churrasco. Se é dia de marcação de bezerrada outro churrasco”. ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 63. 


Arquivo pessoal Deidamia Amarilha Godoy: CTG Querência da saudade Ponta Porã grupo xiru década de 80, em destaque Deidamia Amarilha Godoy (Dada) e Godofredo Sady Bueno, de óculos ao fundo da imagem, Ângelo Perin idealizador e primeiro patrão do CTG.

Com um grandioso churrasco e muita festa a primeira reunião oficial dos gaúchos, descendentes e admiradores desta cultura sulista, para abraçar a causa do gaúcho Ângelo Perin, que depois de vir de uma de muitas de suas viagens do Rio Grande do Sul e de ver como estava a formação dos Centros tradicionalistas, os famosos CTG, idealizou a construção de um CTG em suas terras localizadas a aproximadamente 6 km do centro de Ponta Porã, na BR 164 na saída que leva a cidade vizinha Antonio João, para que o mesmo servisse de ponto de encontro para os antigos e novos descendentes de gaúchos da região fronteiriça, um clube de referências às tradições gaúchas, para tal empreitada contou com apoio e ajuda de muitos que dividiram e compartilharam deste ideal tradicionalista, o primeiro encontro oficial foi no salão da igreja matriz São José, localizado na Av. Brasil em 1977, reunindo a sociedade Pontaporanense e futuros sócios fundadores.



Arquivo pessoal do amigo Rodrigo Perin, seu pai Ângelo Perin idealizador e primeiro patrão do CTG Querência da Saudade de Ponta Porã – MS, discursando na sede do clube.

O CTG Querência da Saudade foi percussor na região fronteiriça no tradicionalismo gaúcho, incentivando outros a construir seu CTG, dar seguimento e propagar essa rica tradição, com passar dos anos grandes bailes ocorriam na sede do CTG, eventos que eram apreciados de tal maneira que gaúchos dos quatro cantos do país prestigiavam, convites eram reservados com meses de antecedências, o baile das debutantes fronteiriças de famílias tradicionais de nossa cidade, era um dos eventos mais esperados do ano, onde tantos os tradicionalistas, como a sociedade fronteiriça comparecia enchendo o salão do clube, para apreciar a glamorosa festa, que sempre era brindado com um excelente grupo oriundo do Rio Grande do Sul. 


Arquivo CTG Querência da Saudade: FEGAMS 1989 a origem do evento cultural da tradição gaúcha em Mato Grosso do sul.

Nada se faz só, sempre ao lado existem companheiros e companheiras tradicionalistas sempre a postos para dar suporte, esses inúmeros tradicionalistas e admiradores desta cultura, que sempre se fazem presentes quando necessário.

Viver o presente planejar o futuro se faz necessário, mas nunca se esquecer dos pioneiros do passado, como Ângelo Perin gaúcho tradicionalista, que concretizou um ideal, acreditando que era possível realizar esse sonho, de proporcionar uma parada, que a mesma servisse referencia a tantos gaúchos saudosos da sua pátria o Rio Grande do Sul.

Que sirvam de espelho os acontecimentos passados, que esses fatos não se apaguem da memória das novas e futuras gerações, que a história reverencie eternamente estes pioneiros, que proporcionaram a tantos o prazer de viver dentro do tradicionalismo gaúcho, aos futuros patrões que sempre consigam manter viva essa chama da cultura na região fronteiriça. 


Pesquisador e historiador: Yhulds Giovani Pereira Bueno. Pós-graduado em Metodologia Científica em História e Geografia. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Municipais, Estaduais e Federais). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação, membro do Grupo Xiru do CTG – Querência da Saudade – Ponta Porã – MS

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domingo, 11 de janeiro de 2015

Ponta Porã Linha do tempo: A formação das fazendas e os bailes, no tempo dos ervais na região fronteiriça.

·         Yhulds Giovani Pereira Bueno.

“A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável”.  Mahatma Gandhi

O desenvolvimento de uma região se faz necessário para que o progresso chegue, e com ele venha às novidades de novas tecnologias, para seguir amenizando as dificuldades do inicio da colonização, que os pioneiros tiveram que vencer para construir o seu sonho com sangue, suor e lagrimas na formação da região fronteiriça.

No inicio da formação das fazendas na região, nada foi fácil para quem se aventurou por estas terras vastas e misteriosas, que antes da divisão política dos estados brasileiros era composto por onde se localiza os estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, essa imensidão territorial estava longe dos grandes centros já em formação no Brasil.

“Começam a chegar a Mato Grosso as comitivas do Rio Grande do sul, as causas dessa epopeia. Terminada a guerra do Paraguai, em 1870, a zona sul de Mato Grosso se tornara conhecida pelos componentes da coluna do general Câmara, que operou nas cordilheiras de Amambaí e Maracaju, na sua fase final. Feita a desmobilização, os que regressaram à sua província natal Rio Grande do Sul levaram a notícia de que aqui existiam campos devolutos, próprios para criação de gado, e imensas matas virgens, onde se encontrava a erva-mate nativa.” ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 49.


 Esta região neste período da formação histórica fronteiriça servia como parada de tropeiros e viajantes, esses oriundos principalmente do sul e de outros países que visualizavam oportunidades principalmente na exploração de erva mate entre outras riquezas minerais existentes.  


Arquivo pessoal de Deidamia Amarilha Godoy: Foto década de 50. Empreitada para formação de novas pastagens na fazenda pertencente na época do Drº Henrique Grion, localizada na região do “guaymbé” próximo a lugar denominado “naranja hai” que quer dizer (laranja azeda). Na imagem da esquerda para direita, Godofredo Sady Bueno, seu pai Gumercindo Bueno (in memoriam) juntamente com os peões e os cachorros perdigueiro que o auxiliavam.

Como eram as fazendas: “As fazendas do meu tempo de menino, na região de ponta Porã, eram semelhantes às outras. O casarão onde morava a família do fazendeiro, o imenso galpão onde se acomodavam os peões e ao lado, a mangueira (curral) para os trabalhos com o gado. Nos Fundos, a “encerra” onde se criavam os porcos. As casas das fazendas eram construídas, quase sempre, à beira do mato, perto de riacho. As roças ficavam perto”. Reis. Elpidio – Ponta Porã polca Churrasco e Chimarrão, p. 78.


Arquivo pessoal de Deidamia Amarilha Godoy: Foto década de 50 na fazenda pertencente na época do Drº Henrique Grion, localizada na região do “guaymbé” próximo a lugar denominado “naranja hai” que quer dizer (laranja azeda). Na imagem Deidamia segurando sua filha Maura Lucia Bueno neste período com poucos meses de vida

Neste período histórico as fazendas da região tinham praticamente produzir quase tudo que necessitavam para o consumo, pois à distância e o difícil acesso dificultava o transporte de condimentos e mantimentos, desta forma se deslocar até o “bolicho” (mercadinho antigo que vendia de tudo) era se não a cada 15 dias, uma vez por mês ou dependendo passava se mais de mês sem sair da fazenda.

“Sal, trigo, tecido, ferramentas para o trabalho na agricultura, metais para uso em montarias, pregos, dobradiças, baldes, roldanas, querosene, arame, eram comprados, açúcar, a maioria dos fazendeiros não comprava, pois o uso do chamado açúcar crioulo era generalizado. Geralmente o que o fazendeiro não produzia recebia em troca de produtos de sua fabricação”. Reis. Elpidio – Ponta Porã polca Churrasco e Chimarrão, p. 78.

Mas nem tudo era somente trabalho neste tempo bailes hora ou outra saia um na região, esse só poderia ser frequentado por convidados, o anfitrião ou dono da festa ditava as regras que dependendo de quem era o estancieiro essas seriam mais severas ou mais brandas, mas dentro da moral e bons costumes da população local, tudo era providenciado e realizado dentro dos galpões ou em baixo das ramas tudo limpo e organizado e bem iluminado, os cavalos ou pingos como eram chamados nesta época eram conduzidos para os estábulos ou curral para lá ficarem até o fim da festança ou o proprietário seguir sua estrada, toda arma seja de fogo, facas, punhal  entre outras eram deixadas na portaria onde o dono da festa guardava para evitar qualquer tipo de transtorno durante o baile, todos os pertences no final eram devolvidos.

Os bailes geralmente eram em comemoração a algo, como foi relatado por Elpídio Reis: “Churrasco. Os Pontaporanense são, como poucos, afeiçoados ao churrasco. Tudo é motivo para um bom churrasco. Festa de noivado, de casamento, por exemplo, tem que ter um grande churrasco. Quando o filho completa o primeiro ano, mais outro churrasco. Se um fazendeiro convoca a vizinhança para um mutirão ou “puxirão”, como se diz nas fazendas da fronteira, o almoço churrasco. Se é dia de marcação de bezerrada outro churrasco”. ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 63.

Durante a o baile tudo era monitorado se alguém não cumprisse as regras era convidado para se retirar e assim manter a ordem. “As pistas de danças era ao ar livre, ou melhor, em baixo de uma ramada, com muito lampião dependurado. Muita luz, enfim. Em dado momento um moço beijou a testa da namorada, com quem dançava. O dono da casa, de olhos atentos, viu. Fez o par parar de dançar e ordenou que o rapaz se retirasse do baile e fosse embora e a moça foi para o quarto chorar”. Esse fato foi escrito por ELPÍDIO REIS, no seu livro Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 78. Segundo relatado, os pais da moça aprovaram a atitude do dono do baile, pois fora uma atitude em defesa da moral e bons costumes, e desta forma o baile continuou até o sol raiar. Isso em outros tempos em uma época distinta da formação e povoamento da região fronteiriça.

Esta era uma festa, baile considerado de primeira categoria onde eram mantidas as regras e dificilmente sairia um entrevero ou morte, mas como em todo lugar e época existia também os famosos bailes de segunda categoria, ou até os de terceira e assim por diante essas moças e rapazes de família não frequentavam esses bailes.

 Estes bailinhos fora descrito por Reis apud Serejo. 1981. “Arrasta-pé! Bailezito sertanejo, meio musiquiado, meio bochincho; festa de beira-de-mato, improvisado por uma nha ou por um caraí, a fim de vender batida, bolo, doce, bebida, chipa, amendoim torrado, rapadura de leite, churrasco e garapa”. Entreveros (brigas desavenças) ocorriam depois de tudo acertado à festança seguia menos para os valentões, pois um ou outro, sempre saia machucado.

E desta forma seguiu o crescimento e formação de novas fazendas estâncias, que dentro da evolução e povoamento da região onde pouco a pouco novos moradores e nascidos se fixaram na região,  contribuindo com o desenvolvimento desta vasta terra de histórias épicas que ficaram marcadas na memória nacional e no coração do povo fronteiriço.

Dificuldades e problemas no cotidiano de uma população existem, e sempre irá existir, o que devemos aprender com os pioneiros do passado, que dentro de suas lutas, ter a sabedoria de criar soluções práticas para superar os empecilhos que prejudiquem o desenvolvimento e o crescimento de uma cidade e região.

Viver o presente pensar no futuro, mas nunca se esquecer do passado assim se faz uma nação forte, pois um povo sem memória é um povo sem história. 


Pesquisador: Prof. Yhulds Giovani Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federais). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação.