·
Yhulds Giovani Pereira Bueno.
O desenvolvimento de uma região se faz
necessário para que o progresso chegue, e com ele venha às novidades de novas
tecnologias, para seguir amenizando as dificuldades do inicio da colonização,
que os pioneiros tiveram que vencer para construir o seu sonho com sangue, suor
e lagrimas na formação da região fronteiriça.
No inicio da formação das fazendas na região,
nada foi fácil para quem se aventurou por estas terras vastas e misteriosas,
que antes da divisão política dos estados brasileiros era composto por onde se
localiza os estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, essa
imensidão territorial estava longe dos grandes centros já em formação no Brasil.
“Começam
a chegar a Mato Grosso as comitivas do Rio Grande do sul, as causas dessa epopeia.
Terminada a guerra do Paraguai, em 1870, a zona sul de Mato Grosso se tornara
conhecida pelos componentes da coluna do general Câmara, que operou nas
cordilheiras de Amambaí e Maracaju, na sua fase final. Feita a desmobilização,
os que regressaram à sua província natal Rio Grande do Sul levaram a notícia de
que aqui existiam campos devolutos, próprios para criação de gado, e imensas
matas virgens, onde se encontrava a erva-mate nativa.” ELPIDIO REIS, Ponta Porã
Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 49.
Esta
região neste período da formação histórica fronteiriça servia como parada de
tropeiros e viajantes, esses oriundos principalmente do sul e de outros países
que visualizavam oportunidades principalmente na exploração de erva mate entre
outras riquezas minerais existentes.
Arquivo pessoal de Deidamia Amarilha Godoy: Foto década de
50. Empreitada para formação de novas pastagens na fazenda pertencente na época
do Drº Henrique Grion, localizada na região do “guaymbé” próximo a lugar denominado
“naranja hai” que quer dizer (laranja azeda). Na imagem da esquerda para
direita, Godofredo Sady Bueno, seu pai Gumercindo Bueno (in memoriam)
juntamente com os peões e os cachorros perdigueiro que o auxiliavam.
Como eram as fazendas: “As
fazendas do meu tempo de menino, na região de ponta Porã, eram semelhantes às
outras. O casarão onde morava a família do fazendeiro, o imenso galpão onde se
acomodavam os peões e ao lado, a mangueira (curral) para os trabalhos com o
gado. Nos Fundos, a “encerra” onde se criavam os porcos. As casas das fazendas
eram construídas, quase sempre, à beira do mato, perto de riacho. As roças
ficavam perto”. Reis. Elpidio – Ponta Porã polca Churrasco e
Chimarrão, p. 78.
Arquivo pessoal de Deidamia Amarilha Godoy: Foto década de 50
na fazenda pertencente na época do Drº Henrique Grion, localizada na região do
“guaymbé” próximo a lugar denominado “naranja hai” que quer dizer (laranja
azeda). Na imagem Deidamia segurando sua filha Maura Lucia Bueno neste período
com poucos meses de vida
Neste período
histórico as fazendas da região tinham praticamente produzir quase tudo que
necessitavam para o consumo, pois à distância e o difícil acesso dificultava o
transporte de condimentos e mantimentos, desta forma se deslocar até o “bolicho”
(mercadinho antigo que vendia de tudo) era se não a cada 15 dias, uma vez por
mês ou dependendo passava se mais de mês sem sair da fazenda.
“Sal, trigo, tecido, ferramentas para o trabalho na agricultura, metais
para uso em montarias, pregos, dobradiças, baldes, roldanas, querosene, arame,
eram comprados, açúcar, a maioria dos fazendeiros não comprava, pois o uso do
chamado açúcar crioulo era generalizado. Geralmente o que o fazendeiro não produzia
recebia em troca de produtos de sua fabricação”. Reis. Elpidio – Ponta Porã polca Churrasco e
Chimarrão, p. 78.
Mas nem tudo era
somente trabalho neste tempo bailes hora ou outra saia um na região, esse só
poderia ser frequentado por convidados, o anfitrião ou dono da festa ditava as
regras que dependendo de quem era o estancieiro essas seriam mais severas ou
mais brandas, mas dentro da moral e bons costumes da população local, tudo era
providenciado e realizado dentro dos galpões ou em baixo das ramas tudo limpo e
organizado e bem iluminado, os cavalos ou pingos como eram chamados nesta época
eram conduzidos para os estábulos ou curral para lá ficarem até o fim da
festança ou o proprietário seguir sua estrada, toda arma seja de fogo, facas,
punhal entre outras eram deixadas na
portaria onde o dono da festa guardava para evitar qualquer tipo de transtorno
durante o baile, todos os pertences no final eram devolvidos.
Os bailes
geralmente eram em comemoração a algo, como foi relatado
por Elpídio Reis: “Churrasco. Os Pontaporanense
são, como poucos, afeiçoados ao churrasco. Tudo é motivo para um bom churrasco.
Festa de noivado, de casamento, por exemplo, tem que ter um grande churrasco.
Quando o filho completa o primeiro ano, mais outro churrasco. Se um fazendeiro
convoca a vizinhança para um mutirão ou “puxirão”, como se diz nas fazendas da
fronteira, o almoço churrasco. Se é dia de marcação de bezerrada outro
churrasco”. ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981.
Pág. 63.
Durante a o baile tudo era monitorado se alguém não
cumprisse as regras era convidado para se retirar e assim manter a ordem.
“As pistas de danças era ao ar livre, ou melhor, em baixo de uma ramada, com
muito lampião dependurado. Muita luz, enfim. Em dado momento um moço beijou a
testa da namorada, com quem dançava. O dono da casa, de olhos atentos, viu. Fez
o par parar de dançar e ordenou que o rapaz se retirasse do baile e fosse
embora e a moça foi para o quarto chorar”. Esse fato foi escrito por ELPÍDIO REIS, no seu livro
Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 78.
Segundo relatado, os pais da moça aprovaram a atitude do dono do baile, pois
fora uma atitude em defesa da moral e bons costumes, e desta forma o baile
continuou até o sol raiar. Isso em outros tempos em uma época distinta da
formação e povoamento da região fronteiriça.
Esta era uma festa, baile considerado de primeira
categoria onde eram mantidas as regras e dificilmente sairia um entrevero ou
morte, mas como em todo lugar e época existia também os famosos bailes de
segunda categoria, ou até os de terceira e assim por diante essas moças e
rapazes de família não frequentavam esses bailes.
Estes bailinhos
fora descrito por Reis apud Serejo. 1981. “Arrasta-pé! Bailezito sertanejo,
meio musiquiado, meio bochincho; festa de beira-de-mato, improvisado por uma
nha ou por um caraí, a fim de vender batida, bolo, doce, bebida, chipa,
amendoim torrado, rapadura de leite, churrasco e garapa”. Entreveros (brigas
desavenças) ocorriam depois de tudo acertado à festança seguia menos para os
valentões, pois um ou outro, sempre saia machucado.
E desta forma seguiu o crescimento e formação de
novas fazendas estâncias, que dentro da evolução e povoamento da região onde
pouco a pouco novos moradores e nascidos se fixaram na região, contribuindo com o desenvolvimento desta
vasta terra de histórias épicas que ficaram marcadas na memória nacional e no
coração do povo fronteiriço.
Dificuldades
e problemas no cotidiano de uma população existem, e sempre irá existir, o que
devemos aprender com os pioneiros do passado, que dentro de suas lutas, ter a
sabedoria de criar soluções práticas para superar os empecilhos que prejudiquem
o desenvolvimento e o crescimento de uma cidade e região.
Viver o
presente pensar no futuro, mas nunca se esquecer do passado assim se faz uma
nação forte, pois um povo sem memória é um povo sem história.
Pesquisador: Prof.
Yhulds Giovani Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística
(Programas Estaduais e Federais). Professor coordenador da Rede Municipal de
Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário